‘Lágrimas de chuva’, um livro baseado na literatura oriental

Livro Lágrimas de chuva

No dia 15 de abril, ocorreu o lançamento do livro Lágrimas de chuva. A obra reúne poesias baseadas nos tankas, escritas por Roseana Murray, e ilustradas por sua irmã, a ceramista e escultora Evelyn Kligerman.

O livro é uma coleção de gritos de amor e esperança, que são apresentados em uma forma única de poesia. Por isso, a experiência de leitura proporcionada pela obra é singular.

No lançamento, houve uma live que contou com a presença das autoras e de Jiddu Krishnamurti Saldanha, criador do selo Cidade do Haicai. Confira como foi.

Saiba o que são os tankas

Mais antigos do que os haicais, os tankas são a principal forma de poesia vinda da rica literatura clássica japonesa.

Além do tom melancólico, existencial e contemplativo, as poesias são marcadas por sempre terem 31 sons.

Adaptando-se para o português, são 31 sílabas, distribuídas em um terceto (estrofe com três versos) e um dístico (estrofe com dois versos).

Em outras palavras, os tankas oscilam entre o mundo da matemática e o dos sentimentos. Segundo Roseana Murray, o tanka nasce na natureza e “o resultado é muito musical”.

É a soma da sensibilidade com o jogo poético que você encontra em Lágrimas de chuva. No livro, a fórmula fixa do tanka encontra espontaneidade na ampla experiência de Roseana.

Como foi o processo criativo de Lágrimas de chuva?

Segundo Roseana Murray, as poesias são pequenas, musicais e “cheias de barulhinhos”. Por isso, elas são fáceis de decorar e as crianças adoram.

Ela conta que, mesmo antes de escrever Lágrimas de chuva, costumava recorrer a outras formas de escrita baseadas na literatura japonesa.

A escritora já usava os haicais como um exercício para se acalmar. “É um desafio falar alguma coisa em tão poucos versos”, revela. Quando teve contato com os tankas pela primeira vez, foi paixão à primeira vista.

Além da referência japonesa, é possível perceber na obra influências de autores de outras épocas e partes do mundo, principalmente do Brasil.

O resultado é uma mistura da tradição oriental com toda a carga cultural absorvida por Roseana. A escritora, por sua vez, sempre mergulha nos temas dos seus livros, que ocupam sua mente durante o processo de criação.

Lágrimas de chuva é fruto de uma das várias parcerias entre a Roseana e sua irmã, Evelyn Kligerman. Com pinturas em preto e branco, feitas com nanquim, as imagens ajudam a dar uma ambientação oriental para a obra.

Sobre a parceria, Roseana afirma que é maravilhoso trabalhar em família. Evelyn, por sua vez, declara que ela e a irmã são “parceiras nessa vida”.

Conheça a escritora Roseana Murray

Com mais de 100 livros publicados, Roseana Murray está na lista de honra do Conselho Internacional de Literatura para Jovens (Ibby, na sigla em inglês). Além disso, ela já foi premiada por diversas instituições.

Entre elas, a Academia Brasileira de Letras (ABL), a Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

Em 2020, Roseana completou 40 anos na literatura infantojuvenil. Segundo a própria autora, sua vida é mergulhada na poesia.

Sua carreira começou com uma brincadeira. Ela escrevia para si alguns textos curtos, que, aos poucos, foram virando poemas.

Seu filho, na época uma criança, adorava ler e, por isso, queria conhecer o que a mãe escrevia. Foi pensando nele que nasceu Fardo de carinho, seu primeiro livro infantil.

A escritora acredita que a inspiração é “alguma coisa que irrompe de dentro, com todos os elementos que você tem. Você aproveita tudo o que está dentro de você e o que está fora. Não existe nada descartável”.

Ela conta que se inspira também na criança que foi um dia: indagadora e filosófica, além de tímida e sensível. “É para essa criança que eu gosto de escrever”, revela.

Para ela, as escolas deveriam ter livros em todos os lugares, até mesmo nos corredores, refeitórios e banheiros. É pensando também no uso pelas escolas que a autora disponibiliza gratuitamente vários e-books em seu site.

Roseana afirma gostar da liberdade para fazer poemas “lúdicos” e “nonsense”. Ela diz ainda que seu público é bastante generoso e que ter leitores é “o maior presente do universo”.

Para conhecer mais sobre os tankas, as criadoras e o processo criativo de Lágrimas de chuva, assista às entrevistas abaixo e confira como foi a live de lançamento!