Acessibilidade linguística busca inclusão. Confira os principais meios

Mãos de mulher em papel com escrita em braile. imagem ilustrativa texto acessibilidade linguística.

A comunidade de cegos e surdos tem peso no contexto cultural brasileiro. O que a acessibilidade linguística busca é a equiparação de todos no acesso à informação e às experiências culturais.

Mesmo que a sociedade ainda tenha muito em que avançar, a palavra “inclusão” vem ganhando cada vez mais importância.

O profissional que faz a interpretação precisa ter conhecimento e sensibilidade, para que a compreensão artística e emocional seja a melhor possível.

Ah sim, embora pareça incorreto, não é errado chamar de “surdo” ou “cego” alguém que perdeu completamente ou nunca teve um dos sentidos. A seguir, conheça alguns dos principais métodos de acessibilidade linguística.

Braile ou braille

Esse código alfabético foi criado em 1829, pelo francês Louis Braille. Cada letra é representada por um símbolo, formado pela combinação de pontos em alto relevo, dispostos em duas colunas e três linhas.

Por essa forma de acessibilidade linguística, as pessoas cegas ou com baixa visão usam as pontas dos dedos para ler. Também é possível que escrevam facilmente, com uma impressora própria ou com uma reglete e uma punção.

A reglete é uma régua com as divisões entre as células correspondentes a cada caractere. Ela pode ser do tamanho de uma folha ou menor, vir com prancha ou não. A punção serve para fazer os pontos em relevo no papel.

Detalhe: a não ser que se use uma reglete positiva, a escrita deve ser feita no sentido oposto, já que a leitura será no relevo formado no outro lado da folha.

Um exemplo de livro que todo mundo pode aproveitar é Madrugada na casa do bruxo, de Elizete Lisboa. Além do texto em braile e em tinta, as imagens estão em alto relevo, o que enriquece a experiência para todos. Confira a leitura.

Libras, usada pelos Tils

Há duas décadas, o código é reconhecido como uma das línguas nacionais. A palavra é uma abreviação de Língua Brasileira de Sinais.

Isso mesmo, embora tenha muito em comum com as línguas de sinais de outros cantos do mundo, ela é própria do Brasil. Há, inclusive, diferenças entre ela e a usada em Portugal, por exemplo.

Essa forma de acessibilidade linguística facilita a comunicação com os surdos. Ela possui vocabulário e estrutura gramatical próprios. Além das letras, há gestos e mímicas para palavras inteiras, bem como termos e expressões.

Por isso, uma grande barreira que ainda existe é o desconhecimento do código pelas pessoas que não possuem deficiência auditiva.

Em vídeos, é comum que o Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais (Tils) apareça em uma janela em um dos cantos inferiores da tela. Abaixo, confira um Tils fazendo um trabalho belíssimo na Bienal Mineira do Livro 2022.

Audiodescrição e autodescrição

Filmes, vídeos, fotografias, peças de teatro, shows, e exposições podem ter uma tradução audiovisual. Ou seja, o uso de palavras que descrevem detalhes do cenário e dos figurinos, bem como ações e expressões corporais e faciais.

De forma objetiva, essa locução adicional fala do que não dá para perceber nos diálogos. Assim, esse meio de acessibilidade linguística, em conjunto com as falas, permite a compreensão integral por cegos ou pessoas com pouca visão.

Nas TVs, você pode acessá-la pela tecla SAP (Second Audio Program, ou Segundo Programa de Áudio) do controle remoto.

Já a autodescrição se parece muito com a audiodescrição, porém, com uma diferença. Nesse caso, a pessoa que fala descreve fisicamente a si própria e o cenário onde está para aquelas que têm deficiência visual.

O momento pode até parecer estranho, mas a objetividade é fundamental. Portanto, não cabe fazer brincadeiras sobre o próprio peso, idade, cor etc. No início do vídeo abaixo, há um exemplo adequado de como fazê-la.

Legendagem e estenotipia

A Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE) é usada em vídeos. Essa forma de acessibilidade linguística é importantíssima, já que há muitos deficientes auditivos que não entendem libras.

Ela descreve expressões, efeitos sonoros e ruídos, de forma objetiva. As falas aparecem automaticamente, com indicações se elas estão sendo gritadas, sussurradas ou cantadas

O closed caption (CC) é uma legenda oculta. A transcrição pode ser feita ao vivo ou previamente. No caso de conteúdos gravados, dá para fazer uma revisão com calma e garantir a qualidade da legenda.

Eventos ao vivo precisam de um aparelho especial. O estenótipo se parece com uma máquina de escrever e possibilita que um profissional escreva e reproduza na velocidade da fala.

Um estenotipista digita, em média, de 160 a 180 palavras por minuto. Esse ganho de tempo acontece devido aos códigos que são digitados e substituem palavras ou frases inteiras. No vídeo, veja como o trabalho é feito.

Outros meios de acessibilidade linguística

Alguns dos métodos que você viu acima podem ser usados em conjunto. Assim, eles podem reforçar uma mensagem, facilitar o aprendizado ou incluir cegos e surdos ao mesmo tempo.

No entanto, ainda há barreiras físicas e comportamentos que dificultam ou impossibilitam a expressão ou o recebimento da mensagens.

Em muitos espaços públicos, placas de sinalização e sites, por exemplo, há informações importantes que não estão disponíveis para todos.

A Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) chama atenção para outros meios aumentativos e alternativos de comunicação:

Caracteres ampliados, dispositivos de multimídia acessível, linguagem escrita e oral simplificadas, digitalizadores de voz e áudio, comunicação tátil, entre outros.

Até mesmo quem escuta e enxerga bem pode tirar proveito das facilidades. É só pensar nos vídeos e imagens com áudios ou textos em outro idioma ou que, por algum motivo, não são muito claros.

Redes do Grupo Lê

Aqui no site, as imagens possuem textos alternativos, com descrições detalhadas. Nas redes sociais da Lê, acesse conteúdos que valorizam a acessibilidade linguística e outras formas de democratização da leitura.