Enquanto gênero literário. A obra é uma novela. A novela é um gênero literário que, segundo Sérgio Costa em seu Dicionário de Gêneros Pessoais, uma publicação de 2020, remonta à Idade Média, ao surgimento das novelas de cavalaria, que narravam aventuras e feitos heróicos, passando pelas novelas sentimentais do Renascimento. Contudo, foi no romantismo que esse gênero alcançou sua maturidade, com temáticas de aventura, passionais e fantásticas.
A partir daí, a novela ganhou o status de um gênero narrativo com aspectos diferenciadores do conto e do romance. Sobre suas características, o crítico literário e teórico em ação Moisés indica que, em relação à dimensão, a novela é uma narrativa com extensão maior que a do conto e menor que a do romance. Mas esse único critério é muito vago, mas contemporaneamente considera se também que as novelas têm uma estrutura própria.
Elas teriam um quadro típico a começar. A adaptação, essencialmente, motivou que a polivalente, que ostenta a pluralidade dramática, constituísse uma série de unidades ou células gramatical encadeadas com início, meio e fim. Essa sequência de eventos dramáticos que diferencia a novela do conto, já que este conto é sempre mais breve e com foco em um único conflito. A distinção entre novela e romance também é abordada por Márcia Moysés, que destaca que a diferença está na linearidade e na sucessiva idade dos eventos.
Diferentemente do que acontece no romance, as ações da novela são contínuas e sucessivas, criando uma rede de ação e tempo menos complexa. Mas é um ponto em que Meninos da Planície não é uma novela típica e isso só faz da obra ainda mais especial. Vamos a ele. Além do tamanho e da estrutura, outra característica da novela apontada pelo crítico como ação, Moisés é um narrador que tende a ser predominantemente onisciente.
Já que a visão ampla dos acontecimentos é necessária para construir uma continuidade entre as ações narradas. Porém, em Meninos da Planície isso não ocorre exatamente assim, antes de entendermos porque é essencial lembrarmos que em Meninos da Planície há duas histórias acontecendo juntas, não só em paralelo, mas uma dentro da outra. Como você deve ter observado, o narrador nos conta a história conforme seu amigo, o arqueólogo lhe conta os sonhos.
Nesse sentido, podemos dizer que ele é onisciente da história que ele está narrando no presente, a partir dos sonhos que o amigo lhe conta, que na obra está escrito em preto, mas é ciente pelo relato da história contada a partir da sequência de sonhos sobre o passado que seu amigo arqueólogo tem em mar ou na obra. É claro que, nos dois casos, estamos ainda falando de um narrador onisciente, mas não pelos mesmos caminhos.
Na história em preto, ele é onisciente por si próprio, mais na história em marrom. Ele é onisciente por ter sido informado dizendo de outra maneira. Meninas da Planície é uma obra de estrutura polifônica que de maneira muito significativa e coerente no tema e na forma, mimetiza a própria ideia de tradição oral como se recriando prosaicamente à figura do bardo ou dos grios.
Centrais na transmissão das histórias. Antes da conquista da escrita em larga escala. O que ocorre somente após a invenção da imprensa de Gutenberg? E se você está pensando que já viu algo assim antes? Provavelmente você já leu o clássico Frankenstein, que tem uma estrutura muito semelhante, mas via carta e relato em um sonho e relato, como em Meninos da Planície.
É importante destacar junto aos alunos a pluralidade dramática da obra, como tramas de um tecido. Os dois enredos diferentes se conectam, possibilitando diversas reflexões e descobertas sobre ontem e sobre hoje, sobre nossos antepassados e sobre nós.