Nasci em uma família de pais e avós analfabetos, mas grandes contadores de histórias. Foi assim que os livros chegaram na minha vida, porque descobri que eles guardavam as histórias que meus pais e avós contavam, como a da mula-sem-cabeça, a do Pedro Malasartes … E isso aconteceu numa escolinha de madeira, lá no interior.
Já escritor, numa escola de uma comunidade da periferia de Porto Alegre, contei sobre meus pais e avós analfabetos, e as crianças quiseram contar histórias de suas próprias famílias. Algumas delas disseram que uma de suas avós, ou seu pai, ou sua mãe, ou um de seus irmãos morava no presídio.
Ao sair da escola, a diretora me fez um desafio:
— Pablo, que tal você criar uma história sobre uma criança com algum familiar na prisão. Só achamos um livro que fala sobre isso.
O desafio ficou zumbindo na minha cabeça, e eu sem coragem de começar a escrever. Um dia, em razão de um projeto que levava escritores às prisões, fui conversar com detentos. No final da conversa, como presente, ganhei uma garrafa de vidro com um barco a velas dentro.
Cheguei em casa e, na mesma noite, comecei a escrever essa história que você leu.
Moro em Passo Fundo – RS, tenho um filho chamado Erick e um gato chamado Elvis Presley. Se você quer me contar sobre o que achou desse livro pode me escrever, eu sempre respondo: pablomorenno.pf@gmail.com.

Livro:

Meu pai saiu para fazer barcos