Uma abordagem excessivamente pedagógica e pouco dinâmica ao usar um livro literário em sala de aula é um erro. No post de hoje, você verá o que é preciso observar ao usar a literatura para fins didáticos.
Aqui vai um exemplo de rotina nas aulas de Português: leitura, seguida de exercícios de compreensão e interpretação, com perguntas diretas sobre o texto. Depois, vêm os exercícios de gramática e, por fim, a produção textual.
Em pouco tempo, essa sequência se torna mecânica e monótona. Por outro lado, ao ler por prazer e não por dever, a prática deixa de ser vista como obrigação escolar, mas sim como algo que está inserido na vida cotidiana.
Você quer despertar nos estudantes o interesse e o prazer de ler? O primeiro passo é deixar que eles apreciem o texto, em vez de “bombardeá-los” com atividades assim que a leitura acaba. A seguir, confira outros cuidados.
Sensibilidade ao tratar dos temas
Será que é válido usar livros literários nas aulas de Português? Claro que é! História, Geografia, Ciências? Também! Até mesmo a Matemática pode ser assimilada mais facilmente por meio da literatura.
A verdade é que dá para explorar a literatura em boa parte do currículo escolar. É comum, por exemplo, usar livros para trabalhar valores sociais e emocionais que fazem parte do Projeto Político-Pedagógico (PPP) de uma instituição.
Nesse caso, as obras são selecionadas por tratarem de tópicos específicos. Alguns dos mais comuns são morte, amizade, cuidados com o meio ambiente, separação dos pais e comportamentos diversos.
No entanto, há o risco de que as respostas acabem sendo impostas aos alunos, sendo que o ideal é desenvolver neles a capacidade de análise.
Qualquer que seja a situação, os professores não devem ser vistos como meros agentes para transmitir conhecimentos pré-estabelecidos.
Para que a experiência dos estudantes seja completa, a sensibilidade dos educadores é fundamental. É preciso enxergar os alunos enquanto indivíduos críticos e questionadores, com vivências, pensamentos e valores próprios.
Experiências de leitura significativas
A finalidade de um texto literário não deve ser que os leitores se apropriem do pensamento ou das intenções do autor. Quando se usa os livros como meros instrumentos das disciplinas, as palavras adquirem um valor fechado.
Assim, a experiência se torna extremamente limitada, esvaziando e enfraquecendo o diálogo entre autores e leitores. Os conhecimentos se tornam compartimentados, descontextualizados, superficiais e alienados.
Uma experiência rica de leitura pode levar a várias visões e reflexões. Por mais que pareça lugar-comum, é a mais pura verdade: a interpretação é algo que varia de pessoa para pessoa.
Afinal, nem tudo que está escrito deve ser unanimidade. É próprio de um texto rico apresentar uma visão subjetiva, que se identifica não só com as qualidades, mas também com as falhas humanas.
O valor pedagógico de um texto é alcançado quando os leitores conseguem ir além do que está escrito. Na verdade, é isso que dá real significado à leitura.
Cuidado na escolha dos livros
Uma das maiores qualidades da literatura é a capacidade de transportar quem lê para outros lugares e épocas. No entanto, quando a leitura se torna um fim em si mesma, ela gera leitores passivos.
O ideal é formar leitores autônomos. Ou seja, indivíduos que leem porque querem e procuram os livros por conta própria, mesmo que a escola não peça.
A escolarização inadequada distorce o valor das obras enquanto arte, o que dificulta a leitura autônoma. Ela faz com que os alunos percam o interesse por associarem a literatura com estudos e obrigações.
Para manter os alunos genuinamente interessados, os livros não podem estar reduzidos a seus valores pedagógicos. Eles também devem instigar a curiosidade e ter histórias envolventes.
No caso das obras infantis, é importante ainda que convidem à brincadeira. Em outras palavras, os livros devem ser atrativos o suficiente para que possam ser apreciados, inclusive, fora do contexto escolar.
Saber como convidar os jovens e crianças ao universo da literatura é importante. Na verdade, essa é uma ótima forma de fazer com que os alunos assimilem os conteúdos que a escola tanto quer.
Lembre-se sempre desses cuidados ao usar literatura para fins didáticos
Aqui na Lê, acreditamos que a função primária da literatura, certamente, não é ensinar lições aos jovens e crianças.
Por exemplo, em nenhum post aqui do site você encontrará um trecho do tipo “a literatura ensina a fazer tal coisa”. Pode procurar!
Se você também acredita que o valor dos livros vai além do uso da literatura para fins didáticos, entre em contato. A nossa equipe é especializada e irá te ajudar a selecionar as melhores obras para adoção na escola.