O tema da masculinidade tóxica está cada dia mais presente na mídia, nas redes sociais e no cotidiano. Felizmente, isso levou muitas pessoas a mudarem seu comportamento.
No entanto, a verdade é que isso ocorre apenas em algumas “bolhas” e ainda há uma série de avanços necessários. Afinal, os estereótipos de gênero permeiam todos os aspectos da nossa cultura.
A masculinidade tóxica é um modo de comportamento baseado na supressão emocional, além de controle e domínio. Isso abrange os campos físico, familiar, social, profissional e financeiro.
O comportamento é classificado como “tóxico” porque rebaixa as características tidas como femininas para elevar a masculinidade. Portanto, trata-se de um conjunto de atitudes sexistas e homofóbicas.
Qual é a origem da masculinidade tóxica?
A raiz do problemas está nas expectativas que colocamos em nossos meninos e meninas. Muitos adultos tratam as crianças de cada sexo de maneira diferente.
É comum que isso ocorra pensando na proteção da própria criança. Claro, tudo é feito de maneira inconsciente, com base em conceitos arraigados e sem levar em consideração as consequências.
Entre as características normalmente atribuídas à feminilidade estão ser bonita, carinhosa, emocional, gentil e generosa. Por outro lado, os traços tipicamente masculinos costumam incluir força, liderança, racionalidade e autocontrole.
Muitos filmes e programas de TV (inclusive direcionados ao público infantil) ainda reforçam os estereótipos.
Pense que não está nos genes dos meninos gostar de carrinhos e super-heróis. Contudo, há sim um embasamento biológico para que eles chorem e expressem seus sentimentos.
Tanto que a masculinidade e o papel do homem são vistos de maneira diferente, de acordo com a cultura, a religião e o período da história.
Como a masculinidade tóxica afeta nossa sociedade?
Basear-se na imagem estereotipada masculina como modelo de comportamento é um dos maiores desserviços à alma de um homem.
A masculinidade tóxica aprisiona, transformando vítimas em contribuintes dela no futuro. Isso afeta a vida de homens e mulheres, desde a carreira que escolhem, a resolução de conflitos, até as pessoas com quem se relacionam.
Crises de identidade
As expectativas e restrições de gênero são aprendidas desde cedo, fazendo crianças policiarem o próprio comportamento e o dos outros. Isso inclui gostos, maneiras de vestir e cortar o cabelo, trejeitos e modo de falar.
Coisas que podem parecer pequenas, como inibir o gosto de alguém por algo tipicamente atribuído ao sexo oposto, podem ter consequências sérias.
Uma delas é o sufocamento da individualidade. Não há nada pior do que estar preso em uma identidade que não é a sua, sendo obrigado a desempenhar algo que você não é.
Isso também leva muitos homens a serem identificados primeiramente por sua profissão. Na verdade, eles poderiam ser reconhecidos por outras atribuições dentro de casa ou na sociedade.
Constrangimento de pessoas
Para serem aceitos, os homens são incentivados a serem corajosos, a gostarem de atividades físicas e serem bons nos esportes. Especificamente no caso do Brasil, futebol.
Se não tiverem essas características, eles se sentem como perdedores e fracos. Essa vergonha se transforma em ressentimento, raiva e baixa autoestima. Muitos acabam se tornando pessoas mais retraídas.
O bloqueio de sentimentos impede o desenvolvimento da inteligência emocional. A pressão para ser sempre forte e racional é a raiz de muitas frustrações.
Pense que os homens são os que mais apresentam quadros de depressão, além de constituírem mais de 75% dos casos de autoextermínio. Certamente, a repressão das emoções tem um peso grande nessa estatística.
Aumento da violência
Orientar meninos para que sejam mais corajosos e “engulam o choro” os tornam mais propensos a expressar suas frustrações com violência.
A repressão das emoções levam à agressão irracional como uma forma inconsciente de desabafo. No mínimo, isso acaba gerando punições para esses meninos, na escola e em casa.
Estudos indicam que os homens que acreditam em conceitos desatualizados de masculinidade tendem a comportamentos preocupantes.
Algumas deles são: prática de bullying, piadas de mau gosto, assédio sexual e comportamento violento. Além disso, a propensão ao consumo excessivo de álcool é três vezes maior nos homens do que nas mulheres.
Como combater a masculinidade tóxica em crianças?
Da mesma forma que é indicado com outros problemas, a masculinidade tóxica deve ser combatida na raiz. Então, sim, é necessário educar homens adultos, porém, ainda mais importante é conscientizar as nossas crianças.
Note que não estamos sugerindo aqui que você tenha ainda mais trabalho na educação delas. Na verdade, dependendo da forma como você vê, essa é uma chamada para que seja feito menos. Confira!
Valorize os sentimentos delas
Muitas crianças não falam sobre o que as aborrece por medo de serem julgadas ou repreendidas. Por isso, é importante deixar claro que elas têm um canal aberto de diálogo com você. Isso permitirá um entendimento melhor.
Na maioria das vezes, os sentimentos são a principal forma de conexão entre as pessoas, e a comunicação é a chave de tudo. Por isso, não despreze os sentimentos de meninos e meninas. Envergonhá-los, então, nem pensar!
Converse sobre as frustrações
Permita que os meninos expressem suas vulnerabilidades. Ensine-os a reconhecer e dar nome para os sentimentos que experimentam. Converse sobre a raiz dessas emoções.
Lembre-se também de que as emoções negativas tendem a vir em “ondas”. Assim, é melhor “surfar” nelas até que passem do que tentar lutar contra.
Demonstre afeto sem receio
Tratar as pessoas de forma amorosa e gentil não deve ser considerado algo feminino, mas sim uma atribuição humana. Por isso, os pais (homens) não devem ter qualquer ressalva em demonstrar afeto por seus filhos.
Mostre também que não é normal ser desprovido de emoções e que ternura não significa fragilidade.
Não delegue obrigações de acordo com o sexo
Meninos e meninas podem e devem participar igualmente nas atividades domésticas. Por isso, encoraje todos a ajudarem na cozinha e varrerem a casa.
Aqui, vale lembrar que os adultos devem ser os primeiros a dar o exemplo. Portanto, o ideal é que pais e mães também busquem dividir as tarefas de forma equilibrada.
Deixe que brinquem livremente
As brincadeiras são uma ótima forma de aprendizado e de descobrir o mundo. Por isso, ao ganhar brinquedos e só participar de atividades típicas de determinado sexo, as crianças deixam de explorar 50% das possibilidades.
Apenas mostre que há uma pluralidade de comportamentos e que não há limite por serem próprios a um sexo ou outro.
Eduque pelo exemplo
Além de não cometê-la, uma ótima forma de combater a masculinidade tóxica é apontando exemplos positivos e negativos. E a literatura é um ótimo instrumento transformador do indivíduo, você concorda?
Por isso, confira abaixo alguns exemplos de livros que podem servir para encorajar mudanças em nossas crianças.
O menino e a flor
A sensibilidade e a delicadeza são qualidades que não pertencem apenas ao universo feminino. Fazem parte da natureza humana.
Meninos e meninas devem ter o direito de gostar das mesmas coisas, de crescer e ser o que quiserem ser.
Tem gente que acha que existem coisas de menino e coisas de menina… E você o que acha?
Esta é a história de um menino sensível que amava delicadezas, mas se deparou com o lado rude da vida e se fechou.
O tempo, contudo, se encarregou de trazer àquele menino lembranças bem importantes…
Metade pai metade mundo
Tem gente que ri quando eu digo que acredito em assombração, mas só de cidade do interior. “Assombração é assombração em qualquer lugar”, dizem. E eu afirmo que não é…
Assim entramos na história do jovem Tião e nos impactos de sua mudança da vida dura na roça, onde nem havia luz elétrica, para a moderna e encantadora Copacabana, no Rio de Janeiro.
Ele passa a viver e conhecer um mundo novo. Estabelece laços de amizade e abre espaço para o encontro da “Metade” ainda desconhecida de seu pai.
Exercícios de amor
O livro apresenta quinze histórias de amor, em diversas nuances. Em cada conto, o amor se revela ou se esconde sob um aspecto diferente, levando o leitor a repensar as comparações, as metáforas e outras figuras usadas pela autora. Trata-se de um modo muito particular de narrar. Conhecida e festejada como notável poeta, Roseana mostra – em prosa – uma infinidade de sentimentos que muitos, em algum momento da vida, já ouviram falar ou já vivenciaram. Esperanças, medos, amizades, solidões, alegrias, inseguranças, escolhas, rejeições, saudades e reencontros cirandam pelas páginas do livro e se oferecem ao olhar atento de quem sabe se maravilhar com dores e amores.
O pai que lia pensamentos
O pai do menino sempre adivinhava seus pensamentos: o que queria, como se machucou e uma porção de coisas incríveis. Mas, com o decorrer do tempo, o pai foi ficando ausente. E mesmo comprando presentes caros, o menino não se sentia feliz. Queria a presença dele. Num domingo, a história mudou. O menino criou coragem e abriu seu coração. O pai nem percebera que ele havia crescido. Nessa tarde, o tempo foi pequeno para tanta conversa. À noite, o pai se surpreendeu com a descoberta: como era importante dialogar e conviver com o filho que, matreiro, sob as cobertas, fingindo dormir, sentenciou que o pai não era bom para ler pensamentos.
Finóquio
As imagens narram a história de Finóquio, um boneco manipulado por fios e criado por um velho marceneiro, como aconteceu na história original de Collodi. O bonequinho de madeira, de nome bem parecido com Pinóquio, foi deixado sobre a mesa. No silêncio da noite, uma fada velhinha apareceu e “acordou” o Finóquio para a vida. Imediatamente, ele sentiu bater seu coração. Mas ao desvencilhar-se dos fios, ele aciona o botão da serra elétrica, e tudo estaria perdido, se o velhinho não aparecesse na hora para desligar a máquina. O final – o leitor pode adivinhar…
De filho para pai
Por meio de uma narrativa essencialmente poética, o autor convida o leitor a conhecer a história de um pai e seu filho pequeno. Trata-se de um cotidiano igual a tantos outros, com brincadeiras, traquinagens, amizades, invencionices, mas também com tristezas, briguinhas, silêncios e novas descobertas.
Para Seu Almeida, com um Abraço!
O Seu Almeida é um grande arruaceiro e sem educação: joga bituca de cigarro em qualquer lugar, é impaciente com as crianças, grita com a mulher… Mas isso pode mudar a partir do dia em que ele conhece as impagáveis meninas – Noemi, Valéria e Yasmim -, que põem em ação um plano memorável.