Hoje, você vai conhecer um pouco mais sobre a vida dessa que foi uma das mais importantes escritoras brasileiras. Para falar a verdade, chamar Alaíde Lisboa de Oliveira (1904-2006) de “escritora” não faz justiça ao falar sobre as áreas em que atuou.
Alaíde nasceu em Lambari (MG) e faleceu em Belo Horizonte, cidade onde viveu a maior parte de sua trajetória. Ao longo dos seus 102 anos de vida, ela influenciou não apenas a literatura. A escritora também atuou em outras artes e nas áreas de pedagogia, jornalismo, política e acadêmica.
Por isso, ela nunca cogitou se dedicar exclusivamente ao próprio lar. Segundo ela, “a mulher exclusivamente absorvida pelos cuidados materiais da casa, a mulher alheia às mutações sociais e políticas cedo perde o contato com a geração que se forma dentro da própria casa. O filósofo já disse que somos animais políticos”.
Alaíde e a literatura infantil brasileira
Ao longo de sua carreira, Alaíde Lisboa de Oliveira publicou cerca de 30 livros, além de vários artigos para revistas e jornais.
Entre 1948 e 1960, dirigiu o suplemento infantojuvenil do jornal O Diário. Esse suplemento se chamava O Diário do Pequeno Polegar. Sua estreia na literatura infantil ocorreu em 1938, quando publicou O Bonequinho Doce.
Pouco tempo depois, publicou A Bonequinha Preta, um clássico da literatura direcionada para o público infantil.
Com mais de 2 milhões de exemplares vendidos, a obra foi aclamada por várias gerações de leitores, passando por várias reedições e adaptações.
O reconhecimento a tornou integrante titular da Academia Mineira de Letras (AML). A autora também compunha a Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (Amulmig) e da Academia Feminina Mineira de Letras (Afemil).
No Estado, representou a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Outro expoente da literatura, Maria Ângela Faria Resende, foi aluna de Alaíde e escreveu uma biografia poética dedicada à autora.
“Dona Alaíde era, ao mesmo tempo, maternal e mestre. Uma mulher muito forte, sempre aberta às mudanças do mundo”, declara.
A propósito, Maria Ângela acaba de lançar o livro Gato, sapato, bicho do mato, pela Editora Compor.
Carreira acadêmica de Alaíde Lisboa de Oliveira
Para que você tenha uma ideia do tamanho da importância histórica de Alaíde Lisboa de Oliveira, saiba que ela foi a primeira vereadora de Belo Horizonte. Seu mandato foi de 1949 a 1952.
O gosto pela educação começou ainda na infância. No colégio Notre Dame de Sion, estudou em período integral. Na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico, foi aluna de Helena Antipoff.
Mais tarde, tornou-se doutora na área pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na mesma instituição, passou em concurso público e lecionou Didática Geral e Especial.
Alaíde foi diretora do Colégio de Aplicação da UFMG por treze anos. Também foi vice-diretora e professora da pós-graduação da Faculdade de Educação (FaE), onde foi a primeira coordenadora do mestrado.
Na área acadêmica, publicou ensaios sobre educação, didática e literatura. A atuação de Alaíde foi até a Faculdade de Medicina, onde deu aula de Metodologia.
Depois da aposentadoria, ganhou o título de professora emérita da UFMG. O título foi recebido em 1979, como um reconhecimento por sua contribuição para a educação brasileira.
Atualmente, Alaíde Lisboa dá nome a uma escola municipal e outra estadual em Belo Horizonte.
Ela era irmã da poetisa Henriqueta Lisboa e casada com o advogado, professor e escritor José Lourenço de Oliveira. Teve quatro filhos, treze netos e oito bisnetos.
Você quer conhecer mais sobre as obras de Alaíde Lisboa de Oliveira? Entre seus livros mais famosos, se destacam Ciranda, Cirandinha e Como se Fosse Gente.