Neste artigo, veja como incentivar a leitura pode levar uma escola a ter uma boa nota no Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.
Antes disso, saiba o que é o Ideb. Trata-se de um indicador que possibilita o mapeamento da qualidade da educação em todo o território nacional.
O Ministério da Educação (MEC) começou a usar esse índice em 2007, tendo como pilares básicos a aprendizagem e o fluxo escolar. Entre os fatores que o Ideb permite analisar estão:
- nível socioeconômico dos alunos;
- condições em que a escola trabalha;
- distribuição dos alunos por escola de acordo com o nível de proficiência;
- adequação da formação dos educadores.
Para que serve a nota no Ideb?
Os resultados da avaliação do Ideb devem servir de guia para as secretarias de educação dos estados e municípios, bem como o corpo docente das escolas.
Os ciclos avaliados são três: os anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º), os anos finais (do 6º ao 9º) e o ensino médio.
É válido ainda observar que as notas baixas nos primeiros anos levam ao baixo desempenho também nos ciclos seguintes. Por isso, é importante dar atenção à educação das crianças o quanto antes.
São Paulo é o estado líder no ranking brasileiro. O índice está disparado na frente e continua crescendo em relação à média nacional. Como você pode deduzir, o nível socioeconômico tem um grande peso na nota do Ideb.
Porém, isso não impede que escolas do Brasil inteiro adotem medidas semelhantes, mirando na equiparação do ensino. A verdade é que houve um avanço na média geral brasileira nos primeiros anos do ensino fundamental.
A importância da leitura para o aprendizado
As notas das escolas no Ideb vão de 0 a 10, sendo que a meta inicial era de que atingir a média de 6 em todo o Brasil agora, em 2021.
Fazendo uma comparação ao que é feito com os alunos, o índice de 60% aprovaria ou reprovaria uma escola. O cálculo é feito com base no Censo Escolar e nas notas médias dos alunos na Prova Brasil.
Há um padrão para todos os estudantes nessas avaliações, que têm como foco a Matemática e o Português. Em outras palavras, a resolução de problemas e a leitura.
Essas habilidades influem no aprendizado em todas as outras matérias do currículo escolar obrigatório – daí a importância. Para que você tenha uma ideia, a leitura pode ser explorada até mesmo na Educação Física.
Na Escola Estadual Dalva Zanotto de Lemos, os alunos precisaram pesquisar e escrever sobre o handebol antes de praticarem o esporte propriamente dito. Daqui a pouco falaremos mais sobre essa escola.
Entre as atividades (algumas de implantação simples) que a escola pode adotar estão: escrita de livros, oficinas de teatro, atividades lúdicas de interpretação de textos.
Essas são medidas que estimulam o gosto pela leitura, desenvolvem as habilidades críticas e levam a uma boa avaliação no Ideb em pouco tempo.
Qual a importância de um foco continuado na literatura?
Ocimar Alavarse é professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp). Ele acredita que a forma como o ensino é organizado na maior parte das escolas dificulta a inclusão da leitura na rotina dos alunos.
O professor explica que, a partir do 6º ano, a maior parte dos estudantes deixa de ter contato com um único educador. A partir daí, eles passam a estudar com um professor para cada matéria.
Isso faz com que os professores que não lecionam Português ou Matemática acabem não incluindo a leitura e a resolução de problemas na didática.
Essa conclusão foi feita com base em um estudo do qual ele fez parte. A pesquisa foi feita em 2012, com alunos dos primeiros anos do ensino fundamental.
A avaliação englobou 215 escolas de regiões pobres que, mesmo assim, tinham alunos com um bom nível de aprendizado. O objetivo foi identificar como a deficiência socioeconômica foi contornada.
Para isso, foram usados dados do Censo Escolar e da Prova Brasil. Todas as instituições tiveram a média de, pelo menos, 70% em Português e Matemática. Além disso, elas tinham menos de 5% de alunos com nota insuficiente.
Dessas escolas, seis foram verificadas de perto e, nelas, identificadas práticas simples de replicar. Sim, como você pode imaginar, o incentivo à leitura se destacou como um pilar fundamental do plano pedagógico de todas.
Em 2015, a pesquisa foi feita novamente, porém, com alunos dos últimos anos do ensino fundamental. Ao aplicar os mesmos critérios, o número de escolas diminuiu para apenas três em todo o Brasil.
A dificuldade em repetir os critérios e a necessidade de uma reorganização levou à conclusão de Alavarse.
Incentivo à leitura pesa na hora da nota no Ideb
Que a apreciação de obras literárias leva a uma boa leitura, você já sabe. Vamos citar aqui como algumas escolas que já alcançaram as melhores notas no Ideb no passado chegaram a esse objetivo.
No ano de implementação do Ideb no Brasil, uma das primeiras colocadas foi a Escola Municipal Mário Borelli Thomaz, de Porto Ferreira – SP.
Quando a escola surgiu, o ensino era exclusivamente técnico. Hoje em dia, ela inclui ensino fundamental e médio, além de oferecer Educação de Jovens e Adultos (EJA) e cursos profissionalizantes.
Veja só como não é preciso “reinventar a roda”: o ensino de Português na Mário Borelli é tradicional, com ênfase no diálogo e na leitura. A escola apresenta aos alunos os clássicos da literatura desde o 5º ano.
Com nota 8,3 no Ideb, a Escola Estadual Professora Nair de Almeida, de Serra Negra, foi uma das primeiras no Estado de São Paulo em 2015. A instituição acredita na literatura como meio de aprendizado e transformação das pessoas.
Lá, um projeto que se destaca é a “bolsa mágica de leitura”. Toda semana, os alunos levam para casa livros da sala de leitura, o que inclui quadrinhos e contos.
Depois, eles devem falar sobre a história do livro para os colegas, porém, sem contar o final. O objetivo é instigar a curiosidade e fazer com que os outros também queiram ler aquele livro.
A escola também tem o “desafio do livro”, em que cada sala de aula tem uma lista com dez obras. Ganha a criança que tiver lido primeiro todos os livros listados e contar as histórias aos educadores. Há também um prêmio por isso.
Nota alta no Ideb não é só em São Paulo!
Já citamos aqui a Dalva Zanotto, de Vacaria. O projeto pedagógico da instituição tem a tradição de focar na matemática e na leitura já nos primeiros anos escolares.
A escola respeita o plano de ensino definido pelo Estado, mas busca ir além do que está no papel.
Lá, há um incentivo amplo da leitura, com a biblioteca fazendo parte da rotina dos alunos. Semanalmente, as crianças são convidadas a escolher um livro para ler.
Em 2017, a escola teve nota 8,3 no Ideb e foi a primeira colocada no ensino fundamental do Rio Grande do Sul. O resultado está mais de dois pontos acima da meta nacional e é superior ao de várias escolas particulares.
Esse desempenho é ainda mais impressionante ao levar em consideração que, naquele ano, as escolas gaúchas estavam abaixo da média nacional. Segundo os educadores, esse resultado só foi possível com o apoio dos pais dos alunos.
Você também quer que a sua escola ou cidade melhore o desempenho? Então, entre em contato com a gente e, juntos, vamos fazer um plano literário eficaz!