É normal se emocionar com romances, peças de teatro, filmes e séries, não é? Saiba que é graças ao paradoxo da ficção que nós conseguimos nos encantar e ter tantas experiências inesquecíveis.
Como assim?
Nas obras de ficção, o real convive com o imaginário. Você tem uma realidade virtual e a simulação de um universo social, o que provoca a compreensão e a empatia do espectador.
Em outras palavras, são emoções sentidas na vida real, causadas por eventos ocorridos do mundo fictício. A gente torce por alguns personagens, os admira, sente pena e chora com suas perdas.
Como o paradoxo da ficção funciona?
Claro, sabemos que os personagens de um livro não passam de frutos da imaginação de um escritor. Por isso, chorar por causa daquilo que lemos é o mesmo que lamentar por algo que você sabe muito bem que não aconteceu.
É algo parecido com aquelas vezes em que acordamos com uma sensação (boa ou ruim) por causa de um sonho. A diferença aqui é que você não se guia pelo que é criado na sua imaginação, mas sim pelo que é pensado pelo autor.
Para isso, é preciso se desligar um pouquinho do mundo exterior. Por alguns instantes, você acredita que aquela história que está vendo na tela, no palco ou nas páginas de um livro é real.
Por mais que estejamos falando de um universo fantástico, os personagens e as situações vividas por eles têm elementos com os quais nos identificamos.
Isso acontece por causa do poder imersivo que as narrativas bem-feitas têm. Estamos falando de algo muito parecido com a suspensão da descrença, outro conceito interessante sobre o qual já falamos aqui.
Por que a gente se envolve tanto?
Cada vez mais, os pesquisadores estão reconhecendo na imaginação algo valioso a ser estudado. Para entender por que nos deixamos levar pelo paradoxo da ficção, precisamos falar sobre a evolução humana.
Ao longo do processo evolutivo, a estrutura do nosso cérebro não se transformou completamente. O que aconteceu foi o acréscimo de novas áreas, sobretudo, os lobos frontais.
Essas partes são responsáveis pelo nosso pensamento abstrato e por planejar nossas ações. Além disso, programam nossas emoções e necessidades individuais.
Frequentemente, os lobos frontais entram em conflito com as áreas do cérebro que não conseguem distinguir ficção de realidade, verdades de mentiras. Isso cria uma confusão sobre as sensações que uma experiência nos proporciona.
Ou seja, a nossa mente está aberta a acreditar em tudo que vê. São os lobos frontais que nos alertam constantemente de que aquilo é apenas uma história.
Há benefícios no paradoxo da ficção?
Um dos grandes benefícios da literatura para a nossa vida é o desenvolvimento do senso de empatia. Isso nada mais é do que a compreensão sobre os sentimentos, as motivações e os pensamentos das outras pessoas.
Afinal, dá para formar ideias para si, tomando como base a vivência alheia. A ficção ajuda a ampliar o nosso repertório social e, com isso, compreendê-lo.
Na verdade, há estudos que comprovam: a profundidade dos personagens das obras literárias nos ajuda no desenvolvimento de ideias mais complexas sobre as emoções das outras pessoas.
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