Você sabe o que são as práticas de linguagem propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC)? Elas estão relacionadas aos objetivos e habilidades que as escolas devem desenvolver com alunos.
De acordo com o documento, o ensino de Língua Portuguesa deve proporcionar experiências que contribuam para ampliar o letramento.
No entanto, ela reconhece a autonomia das escolas e redes de ensino, que podem usar as metodologias mais adequadas para cada realidade.
Práticas de linguagem e o protagonismo dos alunos
Os processos de ensino e aprendizagem têm focado cada vez mais nos estudantes, mesmo nos Anos Iniciais. A BNCC entende que a língua mobiliza diferentes saberes e, por isso, propõe o empoderamento em seu uso.
Assim, o ensino da língua é pautado pelos objetivos compartilhados pela sociedade e no interesse naquilo que cada indivíduo tem a dizer.
Isso valoriza o ensino, que se transforma em mais do que tarefa escolar. Ele passa a ter mais objetivo e sentido ao promover construção de conhecimento, apropriação de objetos e desenvolvimento das habilidades.
Em vez de aculturar, a BNCC orienta que as escolas ampliem as referências culturais e explorem as diversidades. A ideia é que os alunos conheçam e aprendam a valorizar as diferenças.
Essa também é uma forma de dar voz a eles, que darão mais sentido ao aprendizado, sem abrir mão da própria identidade.
Assim, os estudantes serão capazes de participar ainda mais dos meios sociais, que são permeados e construídos pelas práticas de linguagem.
A gramática, por sua vez, não é tratada como um conteúdo isolado dos meios sociais. Em vez da mera memorização das regras, as práticas de linguagem indicam a compreensão do uso da gramática em cada situação.
Redes sociais e as práticas de linguagem contemporâneas
Cada vez mais, o ensino tem incluído as práticas de linguagens contemporâneas. A popularização das mídias digitais trouxe novas formas de produção, reprodução, interação e configuração dos conteúdos.
Com isso, a BNCC propõe que os alunos desenvolvam senso crítico sobre o que veem na rede.
Afinal, é verdade que, atualmente, praticamente todo mundo pode postar o que quiser na internet. No entanto, isso também significa que há uma falta de critério no que é publicado.
Boa parte contém polarizações ideológicas, discursos de ódio, fake news, pós-verdades, crenças e opiniões que se sobrepõem aos fatos.
Isso sem contar com os algoritmos, que colocam as pessoas interagindo somente com que faz parte da mesma “bolha”.
Quais são as práticas de linguagem propostas pela BNCC?
No documento, as práticas de linguagem estão divididas em quatro eixos temáticos, que possuem articulações entre si. Veja quais são.
1. Leitura e escuta
O objetivo de trabalhar esse eixo é ampliar o letramento das crianças, aumentando a complexidade dos textos gradativamente.
Antigamente, o trabalho dos professores era focado somente em estratégias e metodologias de leitura. Agora, eles devem explorar a intertextualidade, a checagem de informações e o desenvolvimento da postura crítica nos alunos.
Na BNCC, a leitura é entendida como algo que vai além do texto escrito nos meios impressos e digitais. Aqui, também está inclusa a escuta, que pode ser feita de forma compartilhada ou autônoma.
Ou seja, a leitura inclui sons, como áudios e músicas; imagens estáticas, como fotografias e ilustrações; e em movimento, como filmes e vídeos.
2. Produção de textos
A BNCC propõe que os alunos saibam produzir textos de diversos gêneros. Nos primeiros anos, o principal é que eles aprendam para que serve a escrita e como praticá-la, ainda que seja de uma maneira não convencional.
O professor deve mostrar que, antes de produzir um texto, é necessário pensar em quatro questões: quem escreve, quem vai ler, onde o texto será publicado e qual é seu objetivo.
A princípio, o próprio professor dará essas respostas, mas, aos poucos, os alunos devem ser capazes de refletir sozinhos. Para incentivar a escrita, o professor deve levar para a sala de aula as situações reais do uso da língua.
Essa prática de linguagem envolve não só a escrita, mas também as ferramentas digitais, usadas para várias finalidades. Por exemplo, vlogs, playlists comentadas, fotografias, resenhas e edição de textos, áudios e vídeos.
3. Oralidade
A BNCC reconhece que é nas interações entre as pessoas que se aprende sobre as características discursivas e as estratégias de fala e escuta.
A inclusão desse eixo nas práticas de linguagem reforça a ideia de que a oralidade também deve ser objeto de estudo. Na verdade, ela já fazia parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).
Aqui, o professor deve promover discussões para estimular a capacidade de argumentação. Isso vai além da tradicional exposição oral e das rodas de conversa. Afinal, a oralidade pode ocorrer com contato pessoal ou não.
Por isso, também podem ser feitos estudos envolvendo podcasts, programas de rádio, seminários, contações de histórias e, novamente, a intertextualidade.
4. Análise linguística e semiótica
Na BNCC, essa prática de linguagem abrange mais do que estudar as regras e normas morfossintáticas, semânticas e ortográficas. O mais importante é que os alunos desenvolvam um olhar analítico e integrado.
Isso fará com que eles consigam refletir sobre as normas padrão, o funcionamento da língua e o sistema de escrita alfabética. Eles irão compreender plenamente as mensagens transmitidas nos textos, sem ruídos.
Afinal, as normas gramaticais e de conjugação verbal servem para ampliar as possibilidades de uso da língua. Elas estão contextualizadas na leitura e na produção de textos, tanto orais como escritos.
Com isso, a análise abraça a relação entre textos e imagens em memes, games, vídeos etc. As normas também ajudam quando os alunos querem expressar seus pensamentos e conhecimentos.
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