Sinais de abuso infantil podem ser sutis. Aprenda a reconhecê-los!

Quando falamos em sinais de abuso infantil, é comum associar isso a uma criança com hematomas ou outras marcas visíveis. No entanto, eles nem sempre são claros. Além de físico, o abuso pode ser sexual ou emocional.

Uma criança também pode estar sendo negligenciada. Isso significa que seus pais ou (ir)responsáveis não atendem às suas necessidades básicas, como alimentação ou segurança.

Claro, em qualquer um dos casos, o principal é dar importância para o que a criança diz. No entanto, a dificuldade é que, quase sempre, o agressor é alguém conhecido. Isso faz com que elas relutem em falar alguma coisa.

Afinal, é normal que elas queiram proteger o abusador ou tenham medo do que acontecerá em seguida. Por isso, é importante que você saiba reconhecer os diferentes indícios de abuso.

Menina de cabelos vermelhos se escondendo atrás da árvore. O gato da árvore dos desejos, página 44. Imagem ilustrativa texto sinais de abuso infantil.

Sinais de abuso infantil

O abuso ou a negligência infantil pode levar a dificuldades de discernimento sobre o que é ou não um relacionamento saudável, inclusive, na vida adulta.

Algumas observações gerais podem te ajudar a notar se está havendo um caso de abuso infantil. Conheça algumas.

  • A criança e o responsável não se olham ou se tocam. Algumas vezes, eles podem afirmar que não se gostam ou que veem o relacionamento entre eles apenas como negativo;
  • falta da supervisão de um adulto. Ou então, são os responsáveis que mostram pouca preocupação com a criança;
  • personalidade excessivamente passiva ou reclusa. Além disso, pode haver mudanças repentinas de comportamento;
  • dificuldade de aprendizagem ou concentração, sem que haja uma causa psicológica aparente. Pode ser também que haja uma alteração brusca no desempenho escolar;
  • criança em alerta constante, como se estivesse se preparando para algo ruim que pode acontecer a qualquer momento;
  • criança que vai para a escola ou outras atividades mais cedo do que o normal. Ou então, fica até tarde e não quer voltar para casa;
  • responsáveis que abertamente veem a criança como má, sem valor, que são um “peso” ou de qualquer outra forma negativa;
  • pais que buscam na criança a atenção, os cuidados e a satisfação emocional que eles próprios carecem;
  • responsáveis que exigem um nível físico ou acadêmico que a criança não consegue alcançar;
  • pais que pedem aos educadores e outros responsáveis para usar castigo físico se a criança se comportar mal;
  • responsáveis que negam a existência de problemas óbvios com a criança em casa ou na escola. Além disso, há aqueles que põem a culpa na criança por esses mesmos problemas.

Sinais de abuso sexual infantil

Talvez a criança em questão seja vítima de assédio ou algo mais grave em casa ou na escola. Quem sofre esse tipo de abuso acaba ficando com o estigma ou vergonha sobre o ocorrido.

É normal que, mesmo depois de adulta, a pessoa lute contra a sensação de estar machucada. Considere a possibilidade de abuso sexual infantil caso você observe um dos sinais abaixo.

  • Esforço em evitar uma pessoa específica, sem motivo claro;
  • pesadelos ou xixi na cama;
  • mudança repentina no apetite;
  • recusa em participar de atividades físicas ou trocar de roupa na frente de outras pessoas;
  • pais ciumentos ou controladores sobre o convívio com outros membros da família e outras crianças, especialmente do sexo oposto;
  • responsáveis excessivamente reclusos;
  • hematomas ou sangramento próximo aos órgãos genitais. As roupas de baixo podem estar ensanguentadas, rasgadas ou manchadas. Também pode haver dor ou coceira, causando problemas para andar ou sentar;
  • gravidez ou doenças venéreas, especialmente em menores de 14 anos. Pode ser que haja atividade sexual, comportamento sedutor ou conhecimento detalhado, normal apenas em pessoas mais velhas.

Marcas de abuso físico

Todos tipo de abuso deixa cicatrizes. Algumas são físicas, mas as emocionais têm efeitos que duram por muito tempo ou toda a vida. É possível que isso esteja ocorrendo se você observar uma ou mais situações a seguir.

  • Afastamento de amigos e atividades coletivas;
  • olho roxo, ossos quebrados, queimaduras, hematomas ou cortes inexplicáveis, além de ferimentos freqüentes. Os ferimentos podem ter um padrão, como mordidas, marcas de mão ou cinto;
  • roupas inadequadas para o clima, como camisas de mangas compridas em dias quentes. Essas roupas são frequentemente usadas para cobrir ferimentos ou hematomas;
  • hematomas desbotados ou outras marcas perceptíveis logo após uma ausência na escola;
  • responsáveis que não justificam ou dão explicações conflitantes e pouco convincentes sobre os machucados da criança;
  • criança que evita tocar ou ser tocada, além de recuar ou encolher o corpo com abordagens repentinas, principalmente de adultos;
  • medo aparente de ir para casa. A criança pode parecer excessivamente alerta ou assustada quando os pais brigam ou chamam para ir embora;
  • pais que aplicam uma disciplina severa ou têm histórico de abuso na infância.
Mãe brigando com menino. O homão e o menininho, página 10. Imagem ilustrativa texto sinais de abuso infantil.

Evidências de abuso psicológico

Os maus-tratos emocionais são frequentemente mais graves que os físicos. Eles prejudicam o senso de identidade da criança, bem como a capacidade de se sentirem úteis em casa, no trabalho e na escola.

Todos esses são problemas de difícil superação. É normal, por exemplo, que as vítimas cresçam negligenciando a própria educação ou se contentando com qualquer emprego. Observe os sinais de abuso psicológico infantil abaixo.

  • Desenvolvimento físico ou emocional atrasado. A criança pode apresentar comportamentos extremos, como passividade, agressividade ou exigência excessivas;
  • falta de apego aos responsáveis. Esses, por sua vez, frequentemente a repreendem, culpam ou menosprezam a criança. Há ainda os pais que não se preocupam ou recusam ofertas de ajuda a esses problemas;
  • comportamento inadequadamente infantil, como balançar ou bater a cabeça frequentemente. Uma atitude adulta inapropriada também pode ocorrer, como agir como se fosse a responsável pelas outras crianças;
  • autodestruição ou tentativa de autoextermínio. A pessoa pode acabar sofrendo de ansiedade, depressão ou raiva inexplicáveis, inclusive na idade adulta.

Indícios de negligência

Pense bem: se não dá para confiar nem naqueles que deveriam cuidar de você, em quem, então? Sem uma base, fica difícil aprender a acreditar nas pessoas ou saber quem é confiável.

Considere a possibilidade de a criança estar sendo negligenciada pelos pais caso você observe algum dos indícios a seguir.

  • Ausência constante às aulas;
  • criança que pede ou rouba comida ou dinheiro;
  • falta de cuidados médicos, odontológicos, vacinas ou óculos. A criança pode ainda falar que não há ninguém em casa que providencie esses cuidados;
  • roupas sempre sujas ou cheiro corporal forte;
  • falta de roupas adequadas para o clima;
  • uso de álcool ou outras drogas. Os entorpecentes podem estar sendo usados para reprimir sentimentos dolorosos;
  • responsáveis que parecem indiferentes, apáticos ou deprimidos. Eles também podem agir de maneira irracional ou bizarra. Talvez sejam eles mesmos que estão abusando de drogas ou álcool, não a criança.

As vítimas de abuso na infância são convencidas de que valem pouco. Com isso, elas têm problemas para expressar emoções com segurança. Essas emoções acabam reprimidas e emergem de formas inesperadas.

Separamos para você algumas recomendações de livros que ajudam a dar voz às crianças a respeito de vários tipos de abuso ou negligência infantil. Não se preocupe, todos eles oferecem valores artísticos e de entretenimento!

Livro A criança e seus direitos.

A criança e seus direitos

Neste livro, o texto da Declaração dos Direitos da Criança é dirigido às crianças das séries iniciais. Seus dez artigos são ilustrados por artistas premiados nacional e internacionalmente. O texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos faz parte da obra, impresso no final do livro.

Capa do livro Leila.

Leila

O texto, que é uma narrativa pertencente ao maravilhoso fabular, vem acordar o leitor para o poder da voz. Ambientado no fundo do mar, metaforiza o poder da força vital, do inconsciente e do infinito, segundo o Dicionário de símbolos (há vários publicados). Leila, a baleia, é assediada pelo Barão que, contra a sua vontade, a beija, sussurra seduções, pede segredo e ainda corta os seus cabelos. Calada e petrificada, o terror toma conta de seu ser, e ela desiste de nadar, mas ajudada pelos amigos, retoma a sua essência e a sua voz, dando fim às ameaças do agressor.

Capa O gato da árvore dos desejos

O gato da árvore dos desejos

Quando filhote, o gato Pardal subiu numa árvore para fugir de cachorros que queriam pegá-lo e nunca mais desceu. É nessa altura que conhece Raia, uma linda menina que também sobe em árvores para fugir de algo. Será que Pardal conseguirá vencer o trauma, descendo para a terra para ajudar sua nova amiga, depois de descobrir o que ela tanto teme? E será que os pássaros, que conhecem tanto o drama de Pardal quanto de Raia, poderão ajudá-los?

Capa O homão e o menininho

O homão e o menininho

A antologia traz catorze contos que giram em torno do tema explicitado no subtítulo. Apresentam uma linguagem ágil, moderna e carregada de emoção. Os textos abordam fatos da vida familiar, o relacionamento entre pais e filhos, as lembranças da infância, perpassando pela crítica social. Tudo isso se equilibra com a elaboração literária, sem deixar de lado os contornos do lirismo e do humor.