Uma girafa que mora em frente a uma livraria, um príncipe com pulgas, um elefante mestre do xadrez, um cachorro chamado Gato, e por aí vai… Tudo isso pode ser encontrado em Um conto por um guaraná.
O livro representa um desafio à lógica, que simplifica e padroniza as identidades. Por isso, pode-se dizer que ele convida o leitor a uma reflexão sobre o respeito às diferenças.
Para criar essa obra tão singular, Fernando A. Pires se inspirou nas histórias que ouvia quando ainda era criança. Eram relatos sem cabimento, feitos por um velho português, aparentemente maluco.
O velho costumava usar as palavras para costurar a realidade ao redor e as pessoas que conhecia. Desde aquela época, o autor guardou aquelas histórias insólitas na memória, e agora vem dividi-las com o leitor.
Afinal, há um enredo linear em Um conto por um guaraná?
Na verdade, Um conto por um guaraná reúne sete histórias divertidas, inusitadas, e, aparentemente, independentes. No meio do livro, há um conto destacado, que amarra toda a narrativa do livro.
Tudo começa com o furo do radiador no carro da família. Um menino (Fernando A. Pires) espera o ano inteiro para ouvir as histórias presentes no livro e, sem perceber, ele próprio se torna parte da narrativa.
Todos os contos do livro contém elementos que compõem um enigma. Esse enigma, então, revela que há uma oitava história a ser descoberta. Qual é essa história? Só lendo o livro para descobrir…
As ilustrações também são do autor e ajudam a compor o enredo. A originalidade é usada para preencher até mesmo as margens, com os personagens do livro correndo e saltando para fora das páginas.
Um conto por um guaraná é um compilado de registros de boas lembranças e muitas emoções. Suas histórias atravessaram o tempo e agora, com muito humor, convidam o leitor para o universo lúdico.
Como abordar Um conto por um guaraná na escola?
Esse é um livro capaz de proporcionar uma experiência literária e estética que amplia o repertório cultural e de leitura dos alunos.
Em sala de aula, seu enredo bem-humorado e os elementos que subvertem a lógica podem servir para várias discussões. A seguir, confira algumas sugestões.
- Discuta sobre os elementos da narrativa que se entrelaçam de alguma forma. Por exemplo, o príncipe cheio de pulgas, o cachorro pulguento e o cão chamado “Gato”;
- em grupos, proponha o levantamento dos nomes de personagens e objetos de cada conto. A partir daí, converse sobre o processo de criação do autor;
- comente sobre a frase de Gabriel Garcia Márquez: “Penso que o fantástico é a melhor maneira de descrever o real. A realidade é tão absurda”;
- fale sobre os contos ou histórias infantis em que a ironia predomina;
- proponha aos alunos a produção de contos breves, com a inserção de elementos fantásticos;
- promova uma roda de “causos”, convidando alguns contadores da cidade ou familiares dos alunos.
No vídeo abaixo, veja outras formas de abordagem bem interessantes.
Sobre o autor e sua obra
Além de escritor e ilustrador, Fernando A. Pires é arquiteto. Ele também é responsável pelas imagens e seleção dos textos de Há uma gota de poesia em cada rio da Amazônia – Diário poético de um turista aprendiz.
Há um gota de poesia… é um compilado de anotações de viagem do poeta modernista Mário de Andrade. Esses diários mostram um Brasil que poucos conhecem, mesclando realidade e ficção.
Um conto por um guaraná esteve entre os finalistas dos prêmios Guavira e Jabuti. Em 2020, o livro foi selecionado para o Plano Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).
A obra é direcionada a crianças e adolescentes de 12 a 13 anos, mas não apenas elas. Afinal, a fantasia, o mistério e a literatura insólita são gêneros que agradam a todas as idades.
Ao mesmo tempo que a narrativa é leve e direta, ela não é óbvia e cada conto tem um desfecho surpreendente. Assim, o enredo prende a atenção do leitor quanto ao que está por vir.
Quem não gosta de histórias bem costuradas? Se você aprecia o gênero nonsense e pretende mostrar esse rico segmento literário às crianças, conheça agora mesmo Um conto por um guaraná!