Analepse, prolepse, flashback, flashfoward: você sabe o que são?

Quando lemos uma história, na verdade, estamos apenas vendo um recorte dela. Ou seja, aquilo que o autor escolheu nos mostrar. É aí que podem aparecer a analepse, a prolepse, o flashback e o flashfoward.

Esses são recursos narrativos que, certamente, já apareceram em um monte de livros que você leu, filmes, séries e novelas que assistiu. Mesmo que você nunca tenha ouvido falar nesses termos.

Toda narrativa, deliberadamente, privilegia certas passagens, ao passo que diminui ou até omite outras. Cabe ao narrador decidir que pontos merecem maior ou menor relevância e de que forma eles serão contados.

Menina lendo livro, sentada no chão da biblioteca, rodeada de estantes. A menina que matou o gato, página 8. Imagem ilustrativa texto analepse, prolepse, flashback, flashfoward.

Por exemplo, pense que você está lendo uma cena que descreve um momento crítico. Aí, antes de contar o que acontece em seguida, o livro faz uma pausa para mostrar a sequência de complicações que levaram até aquele ponto.

Quais são os tipos de tempos narrativos?

Antes de falarmos sobre analepse, prolepse, flashback e flashfoward, é preciso entender alguns conceitos literários sobre tempo.

  • Tempo histórico – Situa o leitor no contexto em que a história se passa: no mundo atual, durante um evento passado recente, no futuro, na idade média, no Japão feudal…
  • Tempo cronológico – Aqui, os eventos aparecem da forma mais direta possível. O leitor entende a sequência em que os fatos ocorrem e como eles se desenrolam.
  • Tempo psicológico – A percepção sobre a passagem do tempo é subjetiva. Certas coisas demoram uma eternidade e outras são mais breves do que o normal.
  • Tempo do discurso – É a forma e o ritmo com que o narrador conta sobre os acontecimentos. Assim, ele cria suspense e expectativas para engajar o leitor.

Como analepse, prolepse, flashback e flashfoward ocorrem?

Para tornar uma história mais envolvente, a ordem dos quatro tipos de tempos narrativos acima pode ser manipulada, misturada ou trocada. Ficou confuso? Bem, vamos entender melhor sobre isso com alguns exemplos abaixo.

Analepse

Aqui, coisas que ocorreram no passado aparecem na forma de falas ou pensamentos. Ou seja, o narrador ou personagem faz referência a algo que, naquele ponto, já aconteceu. Ainda assim, a cena se passa no presente.

Exemplo:

Mulher sentada, com cachorro no colo, e dois meninos deitados em redes. O jardim de pipocas, página 23. Imagem ilustrativa texto analepse, prolepse, flashback, flashfoward.

“A hora do debulhar do milho era sempre o momento de contar histórias. Momento de calma traduzido em afetos, ela escolheu uma das lendas de Omolu.

— A lenda que vou contar é a de Omolu e foi trazida da África pelo povo negro que aqui foi escravizado.”

(Trecho do livro O jardim de pipocas)

Prolepse

Nesse caso, a referência é ao que ainda está para acontecer. Os personagens têm um objetivo ou foco. Eles elaboram planos e previsões sobre o que deve ser feito para que o seu destino se confirme ou mude.

Exemplo:

Homem e mulher apaixonados, no inverno. Aquilo que não se vê, página 11. Imagem ilustrativa texto analepse, prolepse, flashback, flashfoward.

“Genilda sonha em ir para a capital, ganhar muito dinheiro, ser muito rica, casar com homem lindo, mas não quer ter filhos. Deseja conhecer os Estados Unidos e, se possível, morar lá. Seus sonhos são um tanto fora da realidade, tipo: ‘Não tô nem aí, mas acho que o impossível pode acontecer’.”

(Trecho do livro Aquilo que não se vê)

Flashback

A história progride até um ponto que quebra o tempo cronológico. A partir daí, o leitor é levado a uma cena completa no passado, explicando ou revelando a causa do que acontecerá em seguida, no presente.

Exemplo:

Menina e menino fazendo pesquisa no computador. O Mão de Veludo, página 11.

O ano de 1968 já ia pela metade.

No Brasil, a peça Roda Viva, de Chico Buarque e José Celso Martinez Corrêa, inaugurava o “teatro de agressão”; a música Soy Loco Por Ti, América, de Gilberto Gil e Capinam, era cantada em todo o país.”

(Trecho do livro O Mão de Veludo)

Flashfoward

A cena apresenta uma visão do futuro, como um vidente faria. Ou seja, a quebra temporal mostra o que ainda vai ou pode ocorrer, funcionando como um alerta ou sobreaviso sobre algo importante para a narrativa.

Exemplo:

Foto da Floresta Amazônica, com deserto ao fundo. Ainda uma flor resta, página 11. Imagem ilustrativa texto analepse prolepse flashback flashfoward.

“A primeira vez que ouvi falar que o deserto da Amazônia tinha sido uma enorme floresta foi numa aula de História. A professora mostrou imagens antigas, de séculos passados, que a gente mesmo nem pôde acreditar no que estava vendo.”

(Trecho do livro Ainda uma flor resta)

Analepse, prolepse, flashback, flashfoward e outros conceitos…

As possibilidades da literatura parecem ser infinitas, não é mesmo? E tem muito mais aqui no blog. É só dar uma vasculhada!

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