De tempos em tempos, a humanidade é cercada com histórias de invasões e brigas por poder. Recentemente, temos recebido mais notícias tristes sobre conflitos internacionais. Como falar de guerra com crianças?
A verdade é que nem mesmo nós, adultos, entendemos direito os motivos para tanta violência, não é mesmo?
Todo pai, toda mãe quer proteger os filhos das maldades que existem no mundo. Ainda assim, informação está cada vez mais acessível. Mesmo que você restrinja o uso da Internet, é difícil fugir das conversas dos adultos.
São assuntos sobre os quais ninguém gosta de falar, mas que despertam a curiosidade dos pequenos. E, em tempos de polarização, é preciso ter cuidado com os impactos causados pelas informações falsas ou perigosas.
Falar de guerra com crianças não precisa ser complicado
Não finja que nada está acontecendo no mundo, muito menos diga coisas como “isso é assunto de adultos”. Pelo contrário, mostre abertura e seja a pessoa que a criança busca sempre que quiser entender o mundo ao redor.
Pergunte sobre o que ela já sabe, o que pensa sobre o assunto e o que gostaria de saber. Isso evitará que você cause preocupações desnecessárias ou afaste a atenção ao falar de coisas sobre as quais ela não tem interesse.
Também não há necessidade de antecipar a conversa. O que você deve procurar é acalmar os receios e dúvidas da criança. Em nenhuma situação minimize essas emoções!
Por outro lado, não é hora para você falar com revolta ou medo. A criança está sempre observando o seu exemplo e absorve facilmente os seus sentimentos, sejam eles bons ou ruins.
As imagens são um ótimo recurso para explicar o que está acontecendo, mas atenção: é melhor usar mapas do que fotos angustiantes vindas do outro lado do mundo.
Dá para falar de guerra com crianças usando a literatura?
É possível falar de guerra com as crianças mais novas de forma leve e lúdica. Na verdade, os temas sensíveis oferecem uma oportunidade para abordar valores familiares, sociais e individuais: respeito, tolerância, solidariedade etc.
A literatura oferece caminhos para reflexões sobre temas espinhosos, ou melhor, bélicos. Separei aqui duas obras, cada uma falando sobre um dos lados da moeda. Uma é satírica; a outra, sensível. As duas são ótimas!
Violência só gera violência
Há muito tempo, quando um cachorrão queria as coisas do outro, saía no tapa… e o mais forte sempre levava tudo. Um dia, o cachorrão mais fraco, muito revoltado, teve uma ideia boa pra cachorro: inventou uma arma!
Em situações como a que estamos vivendo, é comum se perguntar o que nós, pessoas comuns, podemos fazer. A verdade é que cada um pode fazer a sua parte, no mínimo, tendo sabedoria para resolver os conflitos do cotidiano.
A questão é: será que dá para discutir com as crianças, de forma bem-humorada, sobre o problema da violência e a importância da paz? O divertido Guerra! Por que?, escrito e ilustrado por Osório Garcia, mostra que sim.
O livro mostra como nossas guerras pessoais podem escalonar: um querendo cada vez mais tomar algo do outro. Com isso, usa armas cada vez mais poderosas. No final, todos saem cada vez mais machucados.
Caminhos que levam à paz
A paz é um ideal que todos devemos buscar sempre em nossas vidas. Nesses tempos, em que muitas das nossas relações sociais estão marcadas por discussões e desunião, que tal um esforcinho maior?
Para isso, há vários caminhos possíveis: paciência, solidariedade, amor, perdão, felicidade… Paz, de Angela Leite de Souza, nos convida a refletir sobre as ideias que cercam aquilo que está explicitado no título do livro.
Linhas, agulhas, botões, fitas, sianinhas, barbantes formam imagens e palavras. As metáforas feitas com objetos de uma caixa de costura revelam a sensibilidade da autora e seu conhecimento sobre os sentimentos humanos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) vê na literatura uma ferramenta para a cidadania. Entre obras do mundo inteiro, essa foi selecionada para o Clube de Leitura dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Falar de guerra com crianças é necessário
Além de fazer a nossa parte, vamos torcer para que o atual conflito se resolva o quanto antes, e da melhor forma. Você também tem dicas de como falar de guerra com as crianças? Use a caixinha de comentários e deixe sua sugestão!