É bem provável que você já tenha assistido a uma adaptação de livro para o cinema e nem tenha se dado conta disso. Se engana quem pensa que a prática é alguma novidade. Ela existe desde os primórdios da sétima arte.
Antes disso, as obras famosas já eram representadas no teatro. Um filme tem uma capacidade única de juntar imagens, palavras e sons para dar ainda mais emoção a uma história.
O comprometimento e o respeito que envolvem uma adaptação bem-feita podem trazer mais desafios do que a criação de um roteiro do zero. Abaixo, te convido a notar alguns pontos interessantes.
1. História cheia de detalhes
“Mas o livro é muito melhor!” Com certeza, você já ouviu alguém falando algo parecido, certo? A verdade é necessário pensar bem na melhor maneira de comprimir uma história inteira em duas horas de filme.
Se o filme tentar mostrar tudo que está nas páginas, pode acabar dando a impressão de que as coisas da história acontecem rápido demais. Desse jeito, o público não tem tempo nem de se importar com os personagens.
2. Recorte da narrativa
Outra possibilidade de abordagem é a da narrativa que se desenvolve aos poucos, para que o público se ambiente naquele universo. Nesse caso, o diretor precisa escolher quais cenas serão retratadas.
Personagens e passagens da história original podem ganhar um destaque que não tinham antes. O contrário também pode acontecer, deixando momentos decisivos de fora ou aparecendo apenas brevemente.
3. Propriedades de cada meio
Não pense que conhece uma obra só por tê-la visto no cinema, no teatro, nos quadrinhos, em séries, em games ou na literatura. Afinal, cada meio tem os próprios códigos, o próprio ritmo.
Então, não estamos falando da mera migração da narrativa. A releitura precisa funcionar na outra linguagem. Nem tudo que está em um fica bem no outro. No fim das contas, é quase como se tratasse de histórias diferentes.
4. Materialização do olhar
Muitas vezes, o que o cinema faz é realizar o sonho dos leitores que querem ver diante dos olhos coisas que antes só existiam na imaginação. Assim, o diretor divide com você a visão que ele teve sobre a história.
Um exercício interessante é comparar o que você tinha imaginado com a leitura feita pelo diretor. No caso de obras clássicas, o provável é que haja várias versões. Com um pouquinho de tempo, dá para comparar dois ou três olhares.
5. Convite para conhecer o material original
As pessoas, de modo geral, ainda leem muito pouco. Os filmes, por outro lado, têm a capacidade de chegar a multidões. Feitos com capricho, eles podem atrair o interesse de jovens e crianças para as obras originais.
O Senhor dos Anéis, Harry Potter, Jogos Vorazes… Alguns títulos fazem tanto sucesso nas páginas quanto nas telas. Pensando nisso, não são raros os casos de filmes que são porta de entrada para o universo da literatura.
6. Possibilidades de uma mesma história
A adaptação de um livro para o cinema pode ser vista como um esforço para que uma trama clássica não seja esquecida. Uma forma muito eficaz de fazer o público se conectar é dar uma roupagem moderna.
Um mesmo título pode mudar até de gênero. Assim, um drama vira romance, um romance vira comédia, e por aí vai… De qualquer forma, alguns elementos da obra original precisam permanecer identificáveis para quem já os conhece.
7. Mudanças significativas
Já é esperado que diretores tomem liberdades artísticas e queiram imprimir a própria marca em uma obra. Também é comum que haja contenção de gastos. Claro, pode ocorrer a falta de cuidado com a produção.
Não podemos nos esquecer de alterações flagrantes como a troca do nome de um personagem, por exemplo. Tudo isso faz com que personagens e lugares apareçam de formas bem distantes daquelas imaginadas pelos leitores.
8. Simplificação excessiva
Ao assistir uma história que já leu, saiba que você verá tudo sendo descrito do zero novamente. Afinal, os personagens e as situações precisam ser apresentadas às pessoas que não conhecem o livro.
Por outro lado, a tentativa de atingir o maior número possível de pessoas pode deixar uma história extremamente simplificada. Essa é uma das maiores críticas de puristas a respeito da adaptação de livro para cinema.
9. Influência das tramas secundárias
É importante saber que as tramas secundárias não são jogadas de qualquer jeito em uma história, sem motivo nenhum. Quase sempre, elas influem diretamente e dão força à trama principal.
Dependendo dos detalhes que ficam de fora, uma narrativa pode perder a força e até mesmo ficar com pontos sem explicação. Por outro lado, um filme pode ampliar as possibilidades ao se aprofundar nessas subtramas.
10. Adaptação de livro para cinema X obra baseada
Alguns tipos de produções podem ter princípios parecidos, mas não iguais. Aqui, chamamos a atenção para um fator importante: a adaptação de um livro para cinema não é o mesmo que um filme baseado em uma obra literária.
Quando um obra é baseada em outra, a história original, a caracterização e os personagens servem apenas como premissa. Assim, eles inspiram uma criação nova, que virá cheia de surpresas.
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