“A gente vive em tempos de objetividade, de produção, de pontualidade. Poucas vezes a gente incentiva o imaginário, o fantástico, o encantamento.” A constatação é do escritor Anderson de Oliveira.
Ele diz que a realidade oferece várias possibilidades de visão: “O trabalho do artista é esse: como vejo o real.” O autor acredita que isso não é se perder da realidade. Pelo contrário, “a gente a engrandece quando dá esse tom colorido”.
Esse belo-horizontino não só é um autor brilhante, mas também um apreciador da arte literária. Por isso, está sempre participando de projetos, como antologias, e de círculos literários, como o Leitura para todos, da UFMG.
Conheça, brevemente, a trajetória de Anderson de Oliveira
Algumas de suas obras foram selecionadas para o Catálogo da Feira de Bolonha. O evento anual é o mais importante do mundo no setor infantojuvenil.
Anderson de Oliveira aconselha aos escritores inéditos que querem se inserir no mercado editorial que tenham ousadia e tentem todas as vias. “Se ele escrever e colocar na gaveta, o caminho vai parar aí.”
O próprio autor, por exemplo, encaminhou seus primeiros textos para editoras e veículos relacionados à literatura, além de inscrevê-lo em vários concursos.
Logo no primeiro livro, Pá & pedra, foi ganhador do Concurso Nacional de literatura João de Barro de 2000. Ainda assim, depois de uma longa trajetória, o título só seria publicado pela Editora Lê em 2008.
Seu livro Dona Feia fez parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE). Essa é uma política federal de distribuição de livros literários e outros materiais para o acervo das bibliotecas de escolas públicas.
Enquanto Pá & pedra foca no universo masculino, Dona Feia é mais voltado para o feminino. Os doisfazem parte da trilogia Interiores, sobre o universo familiar. O terceiro volume ainda não saiu e aborda o mundo dos irmãos.
Livros de Anderson de Oliveira
Para Anderson de Oliveira, escrever é, sim, um ato solitário, mas com desmembramentos que ampliam o nosso contato com o mundo. Ele acredita na literatura como uma forma de nos relacionarmos.
O autor defende ainda que “a literatura tem que nascer do desejo e, enquanto houver esse desejo, nós temos que produzir.” Confira algumas de suas obras.
A, B, Z… bicho
Em poemas ora líricos e reflexivos, ora brejeiros e inusitados, Anderson de Oliveira lida muito bem com aliterações, assonâncias e jogos de palavras. O leitor entra no universo dos bichos, com cadência e emoção.
Pá & pedra
Histórias que marcaram as vivências dos habitantes de uma cidade do interior. No final, o narrador conta sua história de filho de novo chão – mais liso e escorregadio – e do valor das lembranças como alicerce da narrativa.
A lenda dos dinossauros
Ao contemplar a paisagem, um velho índio se deixa levar por lembranças de cenas perdidas num tempo de não se sabe quando. Os dinossauros ficaram eternizados nas rochas e parecem contar as histórias de suas vidas no planeta.
Dona Feia
Uma senhora vive num casebre rodeado de milharal. A vizinhança a chama de bruxa, velha e louca, e inventa histórias sobre ela. No entanto, é ela quem salva o povoado, que padecia com uma seca avassaladora.
Sete saias de filó
Com linguagem simbólica e bem cuidada, Anderson de Oliveira aborda dramas humanos como: moradia precária, desigualdade social, zombaria, artimanha, hipocrisia, resistência e determinação de assumir o próprio caminho.
… e quais são os livros preferidos de Anderson de Oliveira?
Em entrevista à Câmara Mineira do Livro, o autor revelou algumas obras que foram significativas em sua vida. Em sua cabeceira, estão A lei do triunfo, de Napoleon Hill, e os livros que compõem a Bíblia.
Ambos contemplam o sagrado e o profano, e mergulham o leitor nos mistérios a serem desvendados pelo entendimento. Além disso, propõem reflexões, atitudes e mudanças. Veja outras de suas respostas.
- Livro de infância: O patinho feio, de Hans Christian Andersen.
- O mais valioso: As mais belas histórias, de Lúcia Casasanta.
- Último que leu: Como curar um fanático, de Amós Oz.
- O que mais releu: Ciganos, de Bartolomeu Campos de Queirós.
- Aquele que comprou e até hoje não leu: Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa.
- Aquele que desistiu no meio do caminho: I Ching – O livro das mutações, de Richard Wilhelm.
- Último que deu de presente: Holocausto brasileiro, de Daniela Arbex.
- Aquele que emprestou, não foi devolvido, mas nunca esquecido: Meus poemas preferidos, de Manuel Bandeira.
Anderson de Oliveira reconhece na educação uma ferramenta importante na formação de novos leitores. Você concorda? Se sim, entre em contato! Juntos, selecionaremos os melhores títulos para sua escola ou para sua casa.