‘Metade pai metade mundo’: mudanças sob vários aspectos

O livro Metade pai metade mundo começa da seguinte maneira:

“Tem gente que ri quando eu digo que acredito em assombração, mas só de cidade do interior. ‘Assombração é assombração em qualquer lugar’, dizem. E eu afirmo que não é…”

Segundo a escritora Rosa Amanda Strausz, esse é seu trabalho mais realista. A obra é dedicada a seu pai, “que sempre esteve inteiro” a seu lado.

Metade pai metade mundo foi lançado em 30 de junho. No dia, houve uma live com a autora do livro, além de Clarisse Bruno e Lourdinha Mendes, do Grupo Editorial Lê. Confira como foi o evento on-line.

Como Metade pai metade mundo simboliza as mudanças?

Lamparina acesa. Imagem do livro Metade pai metade mundo.

A inspiração para escrever Metade pai metade mundo já é antiga. Há muitos anos, a autora entrevistou uma rezadeira que passou por algo semelhante ao retratado na obra.

É dessa rezadeira a frase “a luz elétrica acabou com as assombrações”, que marcou Rosa Amanda Strausz e é a ideia principal do livro.

A ficção se passa em um tempo impreciso (provavelmente, entre as décadas de 1980 e 1990). A narrativa relata as adaptações pelas quais o protagonista, Tião, passou durante a infância.

Durante seus primeiros anos, Tião morou na roça, onde a vida era dura e sequer havia luz elétrica. Sua família vivia do que plantava e vendia na cidade vizinha.

Por força das circunstâncias, mãe, pai e filho se mudam para Copacabana. Naquela época, o Rio de Janeiro fervilhava de novidades.

Tião tem a sensação de que uma semana na “Cidade Maravilhosa” o ensinou mais do que toda a sua vida anterior.

Sim, a luz elétrica acabou com as assombrações. No entanto, a maior novidade foi a revelação de uma metade de seu pai que, até então, era desconhecida. Para saber melhor sobre isso, só lendo o livro. Acredite, vale muito a pena!

Conheça Rosa Amanda Strausz, autora de Metade pai metade mundo

Rosa Amanda Strausz é uma jornalista e escritora carioca. Suas mais de 30 obras publicadas no Brasil e no exterior abrangem títulos infantis, juvenis, contos, biografias e terror.

A maior inspiração da autora é o mundo ao real. “Mesmo as minhas histórias mais delirantes são bem calcadas na realidade”, conta.

Abajur aceso. Imagem do livro Metade pai metade mundo.

Para ela, o momento mágico de um livro não ocorre enquanto ele é escrito ou quando fica pronto, mas sim quando encontra a pessoa que o lê. “O livro só se completa debaixo dos olhos do leitor”, diz.

Ela afirma ainda que a literatura tem um papel fundamental no desenvolvimento das noções de empatia e alteridade nas crianças:

“Quando estou literatura, seja para crianças ou para adultos, estou sempre me colocando no lugar de alguém que não sou eu.” A autora acredita que é isso que desenvolve o olhar para o outro.

Rosa começou a escrever para crianças depois de criar histórias para seu filho mais velho. Esse era um meio de explicar para ele sobre diversos assuntos, por exemplo, as novas configurações familiares.

“Contar histórias era melhor do que ter conversas com muitas explicações”, lembra. Isso funcionou bem tanto na relação com seu filho como do ponto de vista literário.

Rosa Amanda Strausz recebeu diversos prêmios ao longo da carreira. Entre eles, o Jabuti, o da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e o João de Barro.

Seu livro Uóloce e João Victor inspirou um dos episódios da série Cidade dos homens e foi traduzido na França. Lá, ficou entre os finalistas do Prix Tam-Tam.

Conheça Edusá, ilustrador de Metade pai metade mundo

Eduardo Antônio Sá, ou Edusá, é de Belo Horizonte. O artista possui projetos em várias mídias, dentro e fora do Brasil, onde atua como criador, ilustrador editorial, animador e diretor de arte.

É no teatro, no cinema e nas histórias em quadrinhos que ele busca inspiração, além das “pessoas comuns com histórias boas”. Claro, aí também estão inclusos os livros literários.

Como é comum entre os artistas, a paixão pelo desenho vem da infância. “Agora, é uma profissão e uma diversão”, conta.

Edusá acredita que uma das principais habilidades que um ilustrador deve ter é saber interpretar texto; não apenas repetir o que está escrito. “Assim, a ilustração ganha relevância”, diz.

Ele revela ainda que gasta mais tempo pensando no conceito do que na execução da ideia.

Antes de começar a ilustrar, o artista lê e relê o texto até “sentir que está dentro daquele mundinho”. A partir daí, faz uma série de desenhos e rabiscos, lê o texto novamente e, só então, começa a construir a imagens.

Segundo o ilustrador, o mais fascinante de desenhar para crianças e jovens é se colocar no lugar deles.

“A todo momento, eu me pego lembrando de muitas coisas que eu gostava quando era criança. Então, é um processo divertido de revisitar o passado”, diz. Em seu site, é possível conhecer mais sobre seu trabalho.

Um livro escrito à distância

Capa do livro Metade pai metade mundo.

Rosa Amanda Strausz conta que quando um livro escrito por ela acaba de sair, sente estranheza, “no entanto, é uma estranheza feliz”. Essa sensação foi ainda maior no caso de Metade pai metade mundo.

Afinal, fatores como a distância e a pandemia fizeram com que Rosa, do Rio de Janeiro, e Edusá, de Belo Horizonte, não trabalhassem juntos.

“Receber as artes do Edu foi uma surpresa”, revela Rosa. Na verdade, ela e o ilustrador sequer se conhecem. “Se eu encontrar o Edu na rua, eu não o reconheço”, brinca.

Na opinião da escritora, o estilo da ilustração reforçou a linguagem urbana da narrativa. A propósito, a arte do livro já foi muito elogiada por profissionais da área dos cartoons e dos quadrinhos.


Então, é isso! Se você gosta de histórias emocionantes, precisa ler Metade pai metade mundo! Vale a pena conferir também a live de lançamento com a autora.