A literatura é capaz de dar sentido a diversos elementos do nosso dia a dia, que quase sempre passam despercebidos. O livro O acaso abre portas usa as palavras para organizar esse emaranhado de sentidos.
São reflexões poéticas e questionamentos sarcásticos sobre o cotidiano. Entre os temas contidos nas crônicas, estão: a masculinidade frágil, a passagem do tempo, as novas opções oferecidas pela tecnologia e a metalinguagem.
Metalinguagem? Como assim? O livro abre com Miolos do ofício, em que Luís Giffoni descreve o caráter imediatista das crônicas e a pressão que sofre para entregá-las dentro do prazo.
No fechamento, ele pergunta ao leitor aquilo que já foi respondido ao longo dos 30 textos do livro: O que é uma crônica? Ainda assim, a resposta do próprio autor é bem honesta: “Não sei. Exerço um ofício que desconheço.”
Por que O acaso abre portas?
As viagens são tema recorrente em O acaso abre portas. Para Luís Giffoni, nascido em Baependi, no Sul de Minas, viajar é conhecer o outro. Mais do que isso, é perceber que o mundo é muito maior do que a gente.
Em suas andanças pelo mundo, ele conheceu de populações nativas nos Andes bolivianos a monastérios budistas no alto do Himalaia. Aliás, o título da obra vem de uma experiência que o autor teve fora do Brasil.
Quando estava passando um tempo nos Estados Unidos, os amigos o chamaram para um show de uma banda desconhecida. Ele foi, meio a contragosto, pois sabia que o show poderia ser bem ruim.
No entanto, ele se surpreendeu com o show do The Doors e adorou a canção Light my fire. Sim, o autor foi testemunha da fase embrionária de uma das maiores bandas de rock da história.
Jim Morrison até o convidou para uma cerveja, mas ele não pôde aceitar porque estava sem dinheiro. Como você viu, o acaso, o inesperado, realmente pode nos abrir algumas portas (doors), não é mesmo?
Conheça mais sobre o autor
Luís Giffoni é daquelas pessoas que se interessam por tudo e por todos. O resultado disso está em seus vários livros publicados.
Entre os prêmios e indicações que recebeu, estão: Jabuti de Romance, Minas de Cultura, Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), Bienal Nestlé, Nacional de Romance e Nacional de Contos Cidade de Belo Horizonte.
Suas obras ganharam estudos, traduções e adaptações nos Estados Unidos, Inglaterra, México, Argentina, Portugal e Alemanha. Sobre sua fonte de inspiração para escrever, ele declara:
“A rua costuma ser o meu grande arquivo. Basta ‘abrir’ o quarteirão, antenar a sensibilidade e encontrar o assunto, que está à nossa espera. Uma frase ouvida na rua, um olhar, um acaso, tudo pode virar crônica.”
A visão poética está presente até mesmo nos percalços que enfrenta ao escrever suas crônicas:
“De vez em quando, o assunto raleia, e elas saem a fórceps. São sashimis dos meus miolos, cortados com faca cega. As palavras, quando custam a nascer, doem muito.”
O acaso abre portas, inclusive, para o ensino superior
Não é comum que os livros de crônicas sejam leitura requerida em vestibulares. Ainda assim, O acaso abre portas apareceu na prova da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) em 2017.
Antes disso, em 2015, o livro fez parte do Catálogo da Feira de Bolonha, a maior do mundo especializada em literatura infantojuvenil.
Se você também acredita que o cotidiano dá margem a várias críticas e reflexões, precisa conhecer O acaso abre portas. Para mais dicas de livros para sua escola, rede de ensino, ou para levar para casa, entre em contato.