A cultura africana é realmente rica! E, graças à oralidade, algumas lendas e tradições conseguiram vencer a barreira do tempo e atravessaram o mundo. Em O jardim de pipocas, conhecemos mais do orixá Omolu.
O livro mostra por que a pipoca é um símbolo de Omolu e por que ela está sempre presente em rituais africanos. Conta também por que tanto as doenças quanto a cura para as enfermidades costumam ser associadas ao orixá.
Conhecemos essas histórias por meio de Aninha, uma avó carinhosa e dedicada. Ela sempre reúne seus netos Pedro e Roque na varanda de casa para ensinamentos diversos.
Essas conversas costumam girar em torno de comportamentos e valores, mas também envolvem tradição, cultura e ancestralidade.
Como o mito de Omolu aparece na história?
Sempre que pode, Aninha conta sobre sua vida e a de seus antepassados, trazidos da África para serem traficados e escravizados no Brasil. Aos poucos, Pedro e Roque vão descobrindo a magia escondida por trás de cada história.
A avó tem em seu quintal um jardim muito bonito, com várias flores brancas. Porém, nas brincadeiras com os amigos, os meninos acabam destruindo-o. A partir daí, ela traça um paralelo daquela situação com as histórias de Omolu.
O mito do orixá tem várias versões e, por isso, leva vários dias para contar algumas delas.
Em uma das histórias, o filho de Nanã e Oxalá, ainda criança, também destruiu o jardim da mãe. Ela ficou aborrecida, já que amava muito as flores. No entanto, o dia seguinte amanheceu com Nanã preocupada com o filho.
Omolu acordou com feridas e bolhas por todo o corpo, que doíam muito. Então, a mãe resolveu preparar um tacho de pipocas para dar-lhe um banho. Incrivelmente, depois do banho de pipocas, as chagas desapareceram.
Em outra versão, Omolu já tinha as feridas e bolhas desde o nascimento. Com isso, Nanã o abandonou próximo ao mar. Ele foi resgatado por Iemanjá, a rainha do mar, que o acolheu como filho e curou suas chagas.
Iemanjá o ensinou tudo o que precisava saber para ir pelo mundo curando os doentes. Ela o presenteou com pérolas, e ele as ocultou sob a vestimenta de palhas por não dar valor às aparências, mas sim à beleza interior.
No entanto, muitos desconfiavam de Omolu por acreditarem que, além da cura, ele trazia consigo as enfermidades. Quando o vento de Iansã soprou forte, acabou revelando o segredo das joias, guardadas sob a palha.
Quem são os autores de O jardim de pipocas?
A mitologia entrou na vida de Raimundo Matos de Leão quando ainda era criança, nas narrações que ouvia da tia. A partir daí, ele passou a ser cada vez mais interessado pelas histórias de vários cantos do mundo.
Sobre essa forma de transmissão do conhecimento, ele diz: “A oralidade é uma dimensão do ser humano. Pela oralidade, você conta as lendas. Pela oralidade, você conta a história de vida da família, da cidade, das festas, do país.”
Falando da tradição retratada no livro: “A cultura africana é nossa. Ela faz parte da nossa vida. E é preciso que divulguemos, que ampliemos as narrativas dessa cultura para que elas não se percam. Porque elas são parte de nós.”
No vídeo abaixo, confira a entrevista que fizemos com ele sobre O jardim de pipocas.
Regina Miranda é artista visual, ilustradora e autora de literatura infantojuvenil. Ela é de Belo Horizonte, mas mora atualmente na Bahia, onde se aproxima de seus ancestrais, sua cultura, e traz essas influências para o seu ser artístico.
Seu livro Honorina aborda a vida dos escravizados da trilha do ouro. A obra foi selecionada pelo Clube de Leitura dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, e pela Cátedra Unesco de Leitura.
Leia O Jardim de pipocas na íntegra
Quer conhecer O jardim de pipocas e outros títulos do Grupo Lê em versão digital? Isso permitirá que você faça uma avaliação detalhada antes de adotá-lo na sua escola. Cadastre-se em nosso Portal do Educador!