Como você sabe, o meio digital tem se tornado cada vez mais presente em nosso dia a dia, e isso inclui a literatura. Ainda assim, saiba que o livro físico continua dominando o mercado.
É só pensar no que aconteceu com o cinema, que não acabou por causa da televisão, da mesma forma que a TV não morreu com a chegada da Internet. O que houve, na verdade, foi a ressignificação de cada um desses tipos de mídia.
Ainda tem gente que acha que o texto impresso é melhor somente para pessoas mais velhas, que têm dificuldades com as tecnologias. Esse não é o seu caso, é?
Há estudos que mostram que ler no papel é melhor inclusive para quem já cresceu no mundo digital. Você verá ao longo deste post. Abaixo, listei algumas das principais vantagens do formato tradicional.
1. Conforto e tranquilidade
Quando você pega um livro para ler, tudo o que quer é um pouco de sossego, certo?
Só que telas muito pequenas requerem sua coordenação motora fina. Se você, sem querer, clicar em uma área da barra de rolagem, isso irá pular várias páginas de uma vez. Imagine o quanto isso é irritante no meio de uma leitura!
Aliás, muitas pessoas sequer usam aparelhos próprios, e sim o computador ou o celular para ler livros e quadrinhos. Nesse caso, a luz que vem da tela acaba cansando ainda mais a vista.
No PC, ainda há o desconforto de não poder sair da posição. Para quem já passa o dia inteiro trabalhando no computador, esse tipo de leitura é ainda menos atraente.
Ah sim, é bom lembrar que você nunca terá a leitura impedida por causa de uma demorada atualização de software.
2. Propriedade para a vida toda
Talvez você seja alguém que tem estantes cheias de livros que comprou e ganhou ao longo da vida.
Com certeza, também há ali no meio aqueles que pegou emprestado e nunca devolveu. Tudo bem, afinal, é bem possível que alguns livros que você comprou estão agora em algum lugar desconhecido, na posse de outra pessoa.
Agora, imagine desfazer-se dessa coleção construída ao longo de anos e trocar tudo por uma placa de plástico.
Achou doloroso? Lembre-se, então, de que nenhum filho ou neto vai herdar o seu e-book. Na verdade, ele nem é seu de fato, mas sim da biblioteca virtual. O que você faz é alugá-lo permanentemente.
Caso você entre na biblioteca por outro dispositivo ou esqueça a sua senha, vai ficar sem poder acessar o “seu” livro.
3. Segurança e privacidade
Certamente, você já teve receio de usar um celular, tablet ou outro eletrônico em local público. Sair e deixar o aparelho na mesa, então, nem se fala, não é?
Você pode ter pago caro pelo seu livro físico. Ele pode ser grande, com 400 páginas e detalhes em dourado na capa.
Ainda assim, ele dificilmente chamará a atenção de ladrões inescrupulosos, assim como outras coisas cujo valor é mais sentimental do que financeiro. Paz de espírito é tudo!
A propósito, segurança e privacidade são preocupações constantes do mundo moderno. Pois bem, nenhuma grande corporação vai querer roubar os seus dados ou monitorar o que você faz on-line enquanto lê.
4. Qualidade da leitura
O mais provável é que o livro físico continue sendo usado para certos fins e o e-book para outros.
Com certeza, é muito prático ler nos formatos ePUB, Mobi, AZW ou o famoso PDF. De modo geral, podemos dizer que o digital é destinado a ajudar o leitor de forma mais direta.
Por outro lado, o texto impresso proporciona uma leitura mais focada e profunda do que qualquer material on-line. Podemos concluir, então, que ele desenvolve mais a paciência do que a agilidade.
Mesmo assim, em obras usadas para estudos, você faz anotações, sublinha as partes mais importantes na própria folha… Aí, nesse caso, é o livro físico que permite uma agilidade maior.
Note que boa parte das ilustrações impressas têm melhor qualidade e são mais impactantes do que as dos e-readers mais avançados.
5. Energia elétrica dispensável
Se você tem o costume de ler pelo celular, sabe o quanto a bateria acaba rápido. Com isso, não é raro ter aquela experiência desconfortável de ler enquanto o aparelho está carregando, preso à parede por um fio curto.
Ao ler sob a luz do sol, você precisa aumentar o brilho da tela, o que consome ainda mais energia. Para economizar bateria, muitos aparelhos apagam a tela depois de apenas alguns segundos de inatividade.
Você se impressionaria de ver como isso se torna cansativo em pouquíssimo tempo. Por outro lado, dá para ler um livro físico tranquilamente, mesmo se a luz da sua casa acabar. Até mesmo à noite, à luz de velas. Romântico, não?
6. Tamanho e formato fixos
Muitas obras ilustradas ou de poesia já são criadas levando em conta o tamanho e o formato da página. Dependendo da criatividade e da intenção do autor, as imagens podem, inclusive, conversar com o texto.
No caso do e-book, a alternância entre texto e imagens pode quebrar a continuidade. As palavras vão “andando” e mudam de lugar por causa do tamanho da fonte ou pelo simples fato de o telefone estar em pé ou deitado.
Essa reorganização automática pode ser um tanto desorientadora. Algumas ilustrações e recursos gráficos precisam estar em uma posição específica da página pra fazer sentido.
Pense em como isso dificulta na hora de fazer uma referência em uma citação acadêmica, por exemplo.
7. Leitura mais crítica
O livro físico desenvolve a memória espacial. Ao procurar algo em uma obra impressa, você a folheia, e isso permite estabelecer contextos e associações com outros assuntos em torno da pesquisa.
Há pesquisas que mostram como isso torna os leitores mais reflexivos e críticos. Destaco aqui o trabalho feito pela linguista estadunidense Naomi Baron: Words onscreen. The fate of reading in a digital world (em tradução livre, “Palavras na tela: o destino da leitura em um mundo digital”).
Segundo a autora, as “ferramentas de pesquisa altamente convenientes” do texto digital “nos encorajam a usar livros, em vez de lê-los”. Isso faz com que as pessoas encontrem somente aquilo que procuram, e não a ideia completa apresentada pelo autor.
8. Funções cognitivas e memória
Ainda sobre o trabalho feito por Baron, a autora analisou pessoas que tiravam fotos em exposições de arte em vez de observá-las. Comparou também quem usava o GPS para localização em vez de memorizar pontos de referência.
Nos dois casos, a memória era menos nítida quando se optava pelo digital. Isso nos leva ao assunto da substituição de textos físicos.
Baron constatou que textos digitais exigem menos esforço mental. Dá para imaginar como isso prejudica o desenvolvimento cognitivo. O argumento da autora é que a memória é ativada pela sensação tátil.
Se você tiver aí as versões física e digital de uma mesma obra, pode fazer um teste simples: peça a alguém para ler, depois pergunte sobre partes específicas (por exemplo, se algo estava no topo ou no final da página).
Você verá como os detalhes são mais facilmente memorizados no livro físico.
9. Experiência única das livrarias
Em lojas virtuais, os livros são apresentados de acordo com algoritmos e palavras-chave. Assim, você acaba recebendo apenas indicações semelhantes àquilo que já leu ou pesquisou.
Em outras palavras, o critério leva em consideração apenas uma das suas facetas. Os livros, provavelmente, acrescentarão pouco ao que você já conhece.
Por outro lado, toda a experiência envolvendo o livro físico é insubstituível. Sim, é provável que as livrarias se tornem cada vez mais um mercado de nicho, mas elas continuarão a ser importantes na vida dos amantes de leitura.
Afinal, a sensação de navegar pelo inesperado e se deparar com uma obra com a qual você se identifica é algo que não tem preço. Esse tipo de surpresa que só a aleatoriedade proporciona dificilmente acontecerá no meio digital.
10. Baixa diferença entre preços
Apesar da impressão que muitas pessoas têm, a diferença entre os preços de um livro físico e um digital é pequena. Não costuma ser de mais de R$ 10. E a tendência é de que essa margem diminua ainda mais.
Boa parte dos custos de produção vão para marketing e direitos autorais, que são praticamente os mesmos para todas as versões de uma obra.
Ao passo que o mercado digital exclui o gasto com materiais e distribuição, ele acrescenta a despesa com algumas licenças extras. O mercado físico, por outro lado, permite a comercialização de livros usados a preços muito baixos.
Você sabia que no auge da pandemia, em 2020, as vendas aumentaram, mesmo com muitas livrarias fechadas ou com restrições de funcionamento? Nos Estados Unidos, por exemplo, o crescimento foi de 8,2% nessa época.
11. Progresso de leitura tangível
À medida que você lê um livro físico, a quantidade de páginas à esquerda aumenta, e à direita diminui. Isso é algo bem mais palpável do que uma barrinha de progresso no cantinho da tela, não acha?
Cada passada de página é um passo em direção à conclusão da história, do ensaio etc. Há algo de satisfatório nessa percepção de conquista. É, digamos, uma espécie de “feedback visual” que motiva a prosseguir.
Quem é apaixonado pela literatura ou por conhecimento de modo geral sabe o quanto esse estímulo é importante. Tudo isso faz parte da experiência sensorial, da qual falaremos um pouco mais, a seguir.
12. Sentidos e sentimentos envolvidos
Cada livro físico proporciona uma experiência sensorial única, em vez de ser apenas uma forma diferente de usar o mesmo aparelho. A sensação tátil está diretamente associada ao prazer da leitura.
Pode fazer uma pesquisa aí com seus conhecidos sobre os melhores cheiros que existem.
Garanto que os amantes de leitura vão incluir aí o famoso “cheiro de livro”. Obviamente, isso é algo ligado à memória afetiva. Entretanto, não é daí que vêm as experiências sensoriais mais marcantes?
Aliás, voltando ao que eu falei lá no primeiro item, aqui vai uma última observação: o livro físico é um ótimo presente!
O objeto ainda permite escrever uma mensagem pessoal na folha de rosto. A propósito, essa mesma página pode ser autografada em um evento com a presença do autor.
E aí, na disputa livro físico X livro digital, qual você escolhe?
Conheça os conteúdos exclusivos de cada um dos canais on-line do Grupo Editorial Lê. Se você reconhece a importância de nossas crianças e jovens terem um contato significativo com o livro físico, entre em contato.
O texto não menciona a piratario do livros como uma vantagem no modelo digital, que atualmente esta muito avançada, permitindo baixar livros com lançamento recente. Na area técnica de informática as tecnologias evoluem rapidamente, alguns livros especificos acabam ficando obsoletos, colecionar estes livros fisicos não faz sentido
Ah, mas pode ter a certeza de que daqui a alguns séculos ainda terá muitas pessoas que valorizam a experiência que só o livro físico proporciona. É só comparar, por exemplo, com o mercado do disco de vinil, que hoje em dia, claro, é nichado, mas ainda movimenta muitos apaixonados. De toda forma, te convido a ler nosso post sobre a relação afetiva que as pessoas têm com o cheiro de livro, assunto relacionado ao tratado aqui.
Além de todas as vantagens elencadas nessa matéria excelente, lembremos que a cadeia de produção e comercialização do livro físico, desde a produção do papel até as prateleiras das Livrarias, contém inúmeros postos de trabalho. Muitas famílias se mantêm em função do livro físico. Nestes tempos em que a evolução tecnológica elimina incontáveis empregos, precisamos ficar atentos às consequências sociais dessa nova realidade.
Tem toda razão, Edson. Falamos disso neste outro post aqui.
Para mim, que sou leitora desde a infância, não se compara o prazer de pegar um livro em mãos, folheá-lo, sentir seu cheiro, escrever uma dedicatória, ou receber de alguém, com toques numa tela fria, que pode fazer “sumir” o livro a qualquer momento, sem direito consciente de sua posse.
Também tem isso, né Denise? Hoje em dia, a gente paga por produtos e “tem” um monte de coisas que, se for pensar, sequer estão lá de verdade.