‘O Mão de Veludo’ é uma viagem à época da ditadura militar

O Mão de Veludo, página 83.

“Deus me deu mão de veludo pra fazer carícia

Deus me deu muitas saudades e muita preguiça

Deus me deu perna comprida e muita malícia

Pra correr atrás de bola e fugir da polícia

Um dia ainda sou notícia”

Assim como Partido alto, de Chico Buarque, outras músicas das décadas de 1960 e 1970 têm trechos que inspiram capítulos de O Mão de Veludo.

Essa é uma obra essencial para apresentar aos jovens de hoje, “para que eles entendam o quanto é importante a nossa liberdade de hoje e o quanto é importante que nunca mais aconteça esse tipo de coisa aqui no Brasil”.

Quem diz isso é a autora Eliana Martins, que criou um enredo alternando entre três tempos. Para ajudar o leitor a perceber essa diferença, o projeto gráfico também muda. Entenda o que acontece em cada um deles.

Passado recente

Paulo e Sofia são dois adolescentes que ficam amigos durante as férias em um hotel-fazenda. Eles descobrem um cômodo misterioso e querem saber o que tem lá.

Assim, conhecem um senhor com quem logo fazem amizade. Ele se apresenta como Afonso e conta sobre suas lembranças da época da ditadura.

Os dois jovens ficam intrigados porque todos no hotel-fazenda parecem ignorar a existência de Afonso. No último dia, ele pede um favor: que quando voltassem a São Paulo, tentassem encontrar um amigo seu dos velhos tempos.

Presente

Na busca pelo tal amigo perdido, Paulo e Sofia entram em uma pesquisa sobre as pessoas que foram presas e torturadas nos chamados “anos de chumbo”.

Os dois se deparam com horrores de que só tinham ouvido falar, mas não estavam preparados para conhecer de perto.

Menina e menino fazendo pesquisa no computador. O Mão de Veludo, página 11.

Eles visitam o Centro Universitário Maria Antônia e o Arquivo do Estado de São Paulo, onde funcionou o Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Nessas pesquisas, descobrem que muitos militantes usavam nomes falsos.

Passado distante

Cláudio e Valéria são um casal de namorados que vivem na época da ditadura militar. Ele é um militante contra o governo e ela é de família rica.

Jofre é tio de Valéria e atua no Dops. Ele é conhecido como “Mão de Veludo” por ordenar torturas, sem se envolver diretamente nelas.

Um dia, encontra um bilhete de Cláudio chamando a namorada para uma passeata. Ele manda a polícia para conter os manifestantes. Valéria é levada para casa, enquanto os amigos Cláudio e Afonso são presos.

Qual foi a inspiração para O Mão de Veludo?

Eliana Martins conta uma história de quando fazia curso pré-vestibular e tinha uma professora de quem todos gostavam. Na época, ela não era militante e os jornais, o rádio e a TV sofriam censura.

Eventualmente, ficou sabendo que sua professora foi sequestrada, torturada e morta nos porões da ditadura. Essa experiência a marcou profundamente, e ela ficou com a história na cabeça por anos antes de escrever o livro.

Para isso, a autora precisou incorporar os personagens Pedro e Sofia. Em nome deles, foi aos locais que a obra cita e entrevistou pessoas que viveram de perto os “anos de chumbo”.

Foi aí que tomou consciência real das barbaridades que ocorreram. Ela declara: “Foi uma época dolorosa. Não foi nada bom para mim voltar a encarar esses lugares e esse momento do Brasil.”

Nos vídeos abaixo, confira as conversas que tivemos com a escritora Eliana Martins e o ilustrador Edusá sobre o processo de criação de O Mão de Veludo.

Leia O Mão de Veludo na íntegra!

O livro é ideal para trabalhar na escola e relembrar nossos adolescentes sobre o que ocorreu no Brasil em um passado não tão distante. Por isso, aqui vai um convite para que você conheça o livro na íntegra para uma análise detalhada.

O Mão de Veludo

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