Plot twist: veja 7 maneiras de surpreender o leitor com reviravoltas

Apesar de o nome plot twist ser relativamente novo, o recurso já existe em todo tipo de obra há séculos. Trata-se do rompimento da linearidade de um enredo, quebrando expectativas e mudando o curso da história.

Certamente, você já leu um livro ou viu um filme em que consegue sempre adivinhar o que acontece em seguida, ou ainda, como vai acabar. Chega a um ponto em que isso se torna bem monótono, não é mesmo?

O plot twist é usado pelo escritor que quer fugir do óbvio. Pode ser um elemento inesperado adicionado à história. Ou então, algo que o leitor já conhecia e passa a ter um significado diferente.

Para isso, o escritor deve saber construir muito bem a expectativa do seu público. Ao mesmo tempo em que passa segurança, ele distribui pistas falsas. Tudo só para depois contrariar boa parte do que mostrou até então.

Quais são os principais tipos de plot twist?

Darth Vader e Luke Skywalker no museu Madame Tussauds. Imagem ilustrativa texto plot twist.

No cinema, há exemplos bem marcantes, como a revelação de que Darth Vader é pai de Luke Skywalker em Star Wars. Ou o personagem de Bruce Willis que descobre que estava morto o tempo todo em O sexto sentido.

Bem, espero que, a essa altura, você já tenha assistido a esses filmes. Aliás, a própria ideia de spoiler vem daí. O spoiler nada mais é do que a informação que vem antes da hora e enfraquece a surpresa do expectador.

De toda forma, uma pessoa surpreendida acaba ficando com aquela história na cabeça por muito tempo. A seguir, confira as formas de reviravoltas mais usadas.

1. Solução do mistério

Quando há um mistério, cria-se um jogo interessante com o leitor, que explora ainda mais a narrativa ao procurar pistas. Veja bem: surpreender não é o mesmo que enganar o público.

Ainda que esteja subvertendo a linha narrativa, o escritor não pode colocar um plot twist do nada. É importante também que, ao longo da história, haja pistas verdadeiras, mesmo que em menor número e menos evidentes que as falsas.

São informações, aparentemente, sem importância, mas que fazem sentido ao se juntar as peças. O leitor é convidado a se relembrar de tudo o que leu e o mais legal é pensar: “Como isso estava aqui o tempo todo e eu não percebi?”

Quem já é fã de obras de mistério e suspense, normalmente, já acompanha a narrativa procurando pelas pistas. Então, encher uma história de informações para desviar a atenção é um clichê que só evidencia ainda mais a verdade.

2. Traição de um amigo

Nesse caso, um protagonista passa a narrativa inteira ao lado de alguém que o ajuda em sua missão. Essa pessoa pode fingir ser sua amiga e até mesmo combater alguns inimigos junto.

Homem lendo livro e menino escutando, gato de pé e pilhas de livros. Taya e o espelho da Baba Yaga, página 46. Imagem ilustrativa texto plot twist.

Perto da conclusão, o parceiro revela que se corrompeu ou que, na verdade, era um agente infiltrado desde o início. Pode ser que possua objetivos pessoais maiores e, por isso, passou a agir em causa própria.

Geralmente, essa traição acontece no último ato da história. A essa altura, o leitor já está familiarizado com todos os personagens e situações daquele mundo fictício, o que lhe dá uma sensação de segurança.

Ele acha que conhece aquele personagem e começa até a gostar dele. Por isso, há um choque ao descobrir suas reais motivações. Em certo nível, o próprio leitor é traído também.

3. A verdade vem à tona

De repente, um personagem aparece na história para dar aquela chacoalhada que o enredo precisa. Pode ser alguém do passado, de quem todos já se esqueceram ou achavam que estava morto.

Essa pessoa pode trazer verdades inconvenientes e até assumir a narrativa temporariamente. Como isso ocorre? Às vezes, ela fala por meio de um bilhete, carta ou pesquisa na Internet apresentada no meio do texto.

No entanto, jogar o plot twist na história sem que isso faça sentido para o enredo, quase sempre, dá errado. O recurso não pode ser simplesmente o desfecho para algo que o autor não consegue solucionar de forma racional.

Dizer que tudo não passou de um sonho ou alucinação é perigoso. Isso pode frustrar o leitor ao perceber que todo o tempo investido na leitura até então foi com algo que sequer aconteceu dentro daquela ficção.

4. Plot twist no meio da história

Um livro, um filme, uma série não pode se apoiar demais em um plot twist que só acontece no arco final. Dificilmente alguém vai investir horas preciosas com algo pouco interessante para ter uma recompensa apenas nos últimos minutos.

Cavaleiros e princesa. Entre magos e cavaleiros, página 103. Imagem ilustrativa texto livros de aventura para crianças.

O mais provável é que aquele expectador deixe aquilo de lado no meio do caminho. Um plot twist no meio da história, geralmente, vem como uma descoberta que muda a perspectiva do enredo daquele ponto em diante.

No entanto, o escritor precisa ter cuidado com esse ponto de virada no meio. O leitor pode ficar com a sensação de que o mistério já foi resolvido, o que tira a tensão da trama.

Para manter o leitor interessado, muitos distribuem reviravoltas ao longo da história. Porém, uma trama que muda de rumo o tempo todo fica cansativa, além de fazer com que os personagens e a obra como um todo percam a identidade.

5. O problema real é outro

Em alguns casos, o protagonista descobre que gastou suas energias com uma coisa não tão importante, criada apenas para distraí-lo. Um adversário desorientado e enfraquecido é mais fácil de enfrentar.

É nesse ponto que a aventura parece que vai chegar ao fim, mas o pior ainda está por vir. Muitas vezes, o herói acha que derrotou o vilão, quando a pessoa verdadeiramente má é outra.

Talvez, aquele que todos achavam que era o vilão seja inocente, mas está sob o controle de uma espécie de possessão ou força. Ou então, o derrotado é mesmo mau, mas há alguém ainda mais poderoso por trás.

É possível que o verdadeiro culpado já tenha aparecido, mas foi apresentado como inofensivo ou de pouca importância. Se o vilão for alguém que mal apareceu até aquele ponto, certamente, a surpresa será grande.

6. Narrador manipulador

Como você já sabe, na história contada em primeira pessoa, o narrador também é personagem. O leitor, por sua vez, não conhece sua índole. Pelo menos, a princípio.

Capuz vermelho e fumaça. Quarta capa do livro A montanha da loucura. Imagem ilustrativa texto livros para crianças e adultos.

A sensação que se tem é a de que aquele personagem é onisciente e conhece todos os detalhes da trama. Como não há motivos para desconfiar de quem conta a história, a única alternativa é acreditar na versão apresentada.

No entanto, o narrador tem pleno controle de como os fatos são retratados. Isso torna mais fácil manipular as informações, dando mais ou menos ênfase a uma série de detalhes.

Por ser um personagem que tem suas falhas, ele também pode mentir. Ou seja, a história “real” não é aquela que foi lida. Ainda assim, é possível que haja inconsistências na narrativa que deixam transparecer essas falhas.

7. Descoberta sobre a própria identidade

A verdade pode vir à tona para o próprio herói. Aliás, o herói é aquele que se dedica a fazer o que acredita ser o melhor para todos. No entanto, ele pode ser manipulado por alguém poderoso e mal-intencionado.

Quem sabe, ele não esteja vivendo uma ilusão ou combatendo pessoas inocentes sem se dar conta disso? É como diz o famoso ditado: “De boa intenção, o inferno está cheio.”

Às vezes, o protagonista descobre que não é quem pensava ser. Ele pode ser parente de alguém que odeia, como em Star Wars, ou ser um fantasma que pensa estar vivo, como em O sexto sentido.

São inúmeras possibilidades de engano: ele também pode ser um robô que pensa que é humano, um clone que acha que é o original, pertencer ao clã que está combatendo…

O plot twist é um recurso que exige cautela

Se você vai escrever, lembre-se: quem deve se surpreender é o leitor, não o escritor. Por isso, estruture toda a narrativa antes e decida antecipadamente em que ponto vai acontecer a reviravolta.

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