Storytellings ou estruturas narrativas são as formas como as tramas são divididas, organizadas e apresentadas para nós, leitores.
Afinal, uma mesma história abre possibilidades para que seja contada de várias maneiras. Cabe ao autor escolher qual é a melhor forma de nos envolver.
Quadrinhos, filmes, séries, novelas, peças teatrais e até mesmo palestras e matérias jornalísticas… A verdade é que todo tipo de produção segue padrões como os listados aqui, não apenas as obras literárias.
Isso sem contar que muitas tramas misturam elementos de cada modelo. Então, antes de começarmos, uma proposta para você: enquanto lê esta lista, tente relembrar histórias que já leu/assistiu/ouviu e se encaixam. Vamos lá?
1. Antologia ou episódica
Aqui, o foco é em vários contos ou crônicas, que têm começo, meio e fim próprios. Pode ser que haja um cenário, tema ou trama comum a todas, no entanto, servem apenas como pano de fundo para dar unidade à obra.
2. Circular ou cíclica
No fim da trajetória, voltamos ao ponto inicial. Ou então, a última cena é tão similar que torna óbvio o paralelo entre as duas situações. Isso pode tanto dar a sensação de fechamento como de continuidade ou reconstrução do ciclo.
3. Detetive ou investigação
Primeiramente, levanta-se uma questão para ser respondida somente no final. A tensão é construída ao longo do enredo, com foco na solução do mistério. O suspense constante e as pistas descobertas mantêm os leitores envolvidos.
4. Em cinco atos ou dramática
Essa é uma das estruturas narrativas mais usadas. Consagrada nas peças de Shakespeare, ela é separada em cinco partes bem distintas: introdução, ação em ascensão, clímax, ação em queda e resolução.
5. Em três atos
Forma simplificada de contar uma história com começo, meio e fim. Exposição: são apresentados os personagens e o conflito principal. Conflito: há uma complicação no enredo. Resolução: o conflito acaba.
6. Epistolar
A troca de cartas ou e-mails entre os personagens, além de diários e outros documentos, deixam transparecer a história que há por trás. Isso nos permite conhecer cada fato por uma perspectiva única e bem pessoal.
7. Flashback/flashforward
A história não é contada na ordem cronológica. Em vez disso, frequentemente alterna o presente com retornos ao passado ou visões do futuro. Ela também pode partir da atualidade e dar explicações enquanto volta no tempo.
8. Fluxo de consciência
Os fatos são contados a partir das percepções e pensamentos dos personagens. Essa visão subjetiva pode resultar em um texto que não é muito linear nem dá clareza total sobre o que acontece.
9. História de vida
Foca nas experiências ao longo da vida de uma pessoa, seus relacionamentos e desenvolvimento pessoal. Em boa parte das vezes, estamos falando de uma biografia, mas nada impede de ser feito com um personagem fictício.
10. Ideias convergentes
A história reinicia várias vezes, e cada uma delas é contada por um personagem diferente. Para compreendermos o painel completo, somos convidados a unir os detalhes que cada perspectiva acrescenta.
11. In media res
Em latim, significa “no meio das coisas”. Ou seja, somos apresentados a uma trama que já está em curso. Geralmente, uma passagem capaz de engajar desde o início. A partir daí, tudo recomeça, explicando como chegamos até lá.
12. Loops alinhados ou cebola
Tem esse nome por causa das camadas. A narrativa é iniciada e, dentro dela, conta outra história, e assim sucessivamente. Para fechar cada uma, é feito o caminho contrário. Ou seja, aquela que iniciou tudo é a última a terminar.
13. Memórias
Um personagem conta suas lembranças, normalmente, em um tom reflexivo ou nostálgico. Em muitos casos, ele conversa diretamente conosco, como se nós também estivéssemos inseridos no enredo.
14. Monomito ou jornada do herói
Esta é tão antiga e famosa que já até fizemos um post dedicado a ela aqui. Trata-se de um padrão com os 12 estágios que um herói percorre até a conclusão, com pontos de tensão distribuídos ao longo da trama.
15. Montanha
A jornada é construída em partes. Começa com a descrição do cenário e, a partir daí, a intensidade na sequência de desafios vai subindo. Os personagens enfrentam obstáculos até chegarem ao cume da montanha. No fim, regressam.
16. Mundo estranho
Semelhante ao monomito e à montanha, no entanto, de um modo mais ligado ao mundo da fantasia. O protagonista entra em um lugar bem diferente do mundo real. Concluídas as aventuras por lá, volta à realidade.
17. Nonsense ou experimental
Nesse caso, há um esforço do autor para desafiar as estruturas narrativas convencionais. Sendo assim, ele pode brincar com tudo, desde a linguagem, a lógica e até mesmo a nossa expectativa.
18. Pétalas ou mosaico
A narração alterna entre duas ou mais histórias curtas e independentes, muitas vezes, apresentadas como desconexas. Em algum ponto, personagens, temas ou eventos se cruzam e estabelecem relação para formar uma trama maior.
19. Promessa da virgem
Uma pessoa entra em uma jornada de autoconhecimento. Ao quebrar padrões e mudar o modo de pensar ou agir, descobre uma faceta que estava escondida por pressão social. Assim, encontra seu próprio poder ou autenticidade.
20. Romance
Testemunhamos desde o início o relacionamento entre duas pessoas, que se conhecem e a ligação entre elas cresce e se desenvolve. Nessa trajetória, é comum que passe por estágios como atração, conflitos, separação e reunião.
21. Save the cat
O nome faz referência ao filme Alien, em que a protagonista salva um gato. Esse heroísmo faz com que nós a vejamos como uma pessoa boa e, assim, nos simpatizamos e a vemos como alguém por quem vale a pena torcer.
22. Sonho
Algumas estruturas narrativas fogem da lógica, fazendo com que apareçam elementos surreais e carregados de simbolismo. Isso permite explorar os temas psicológicos e emocionais mais profundos.
23. Sparkline
O mundo ideal é confrontado com a realidade. Como seriam as coisas se tudo tivesse ocorrido de outro modo? Essa é uma forma de voltar nossa atenção para os problemas atuais e estimular em nós o desejo de mudança.
24. Tragédia
Comum nas peças da antiguidade, em que os personagens cometem erros e, a partir disso, enfrentam uma série de eventos infelizes. Isso os leva a um destino trágico. Em boa parte das vezes, a morte.
25. Viagem
Os personagens embarcam em uma viagem que é literal. Paralelamente, ocorre uma jornada emocional ou espiritual. Isso traz reflexões e mudanças que podem ser internas ou nas relações entre eles.
Ufa, quantos tipos de estruturas narrativas, não é mesmo?
Você imaginava a existência de tantos modelos de estruturas narrativas? Conseguiu reconhecer histórias que já viu em cada uma? Para saber mais do fascinante mundo literário, conheça o canal do Grupo Lê no YouTube.